segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Atração do dia 07/10: "O Fantástico Circo-Teatro de Um Homem Só" Cia Rústica (Porto Alegre/RS)

Foto: Alex Ramirez

O Fantástico Circo-Teatro de um Homem Só propõe a celebração da potência vital e social que o teatro nos oferece, enriquecida pela referência do universo dos pequenos circos de interior. Em meio a tantos efeitos e luzes fluorescentes, o fantástico pode nascer especialmente do simples, do próximo,do lúdico, da memória do que parece já não existir...
Desde o início do século XX, o modelo do circo -fragmentado, híbrido, popular e polifônico - interessa e fascinaa todas as artes, as quais recebe e serve sem preconceito. O próprio circo é um gênero espetacular plural. Abertura, diversidade e multiplicidade - não é esse o modelo celebradona arte contemporânea? Nada mais velho e mais novo que o circo.

Longe das bilheterias milionárias e recursos sofisticados dos grandes circuitos mundiais, a tradição do circo sobrevive através de pequenas trupes que transitam pelo interior do Brasil. À margem dos grandes centros e da soberania dos meios de comunicação de massa, os pequenos circos articulam interstícios sociais diferenciados, espaços de convivência, socialização e encontro onde o real e o sonho dançam no picadeiro, onde o riso, o medo e o fantástico se alteram em um movimento de ruptura efêmera do cotidiano. O circo errante pelos cantos das cidades, o combate contra a gravidade que diz que toda arte lança um desafio. Saltimbancos e palhaços, seu destino escreve a beleza e a precariedade da aventura criadora, a ironia da existência sob seu nariz...

Em O Fantástico Circo Teatro de um Homem Só, Heinz Limaverde transita por vários tipos do imaginário circense, como a mulher barbada, o mágico, a vedete, o cantor, o palhaço, além de expor sua própria persona, tecendo memória com o instante efêmero da cena. O jogo com a teatralidade é um recurso importante da montagem; o ator transforma-se continuamente diante do público, joga com diferentes possibilidades de atuação, canta, dança, narra, confessa, brinca, opera o som. A iluminação incorpora luzes de ribalta, camarim e várias pequenas lâmpadas coloridas, compondo esse picadeiro que reúne presença e memória, tradição e contemporaneidade, arte e vida.

Inspirando-se na estrutura polifônica do espetáculo circense, a dramaturgia combina o universal com o pessoal, através de referências do circo com memórias e experiências do ator. O texto foi escrito em parceria entre Heinz Limaverde e a diretora Patrícia Fagundes.
A montagem, com financiamento FUMPROARTE (Prefeitura Municipal de Porto Alegre), foi indicada em todas as categorias do Prêmio Açorianos 2011, sendo contemplado com os Prêmios de Melhor Direção e Figurino.


Foto: Kiran Federico Leon



Sobre a Cia:


A Cia Rústica surge em 2004 (Porto Alegre- RS), com o objetivo de criar uma zona autônoma de trabalho entre artistas plurais. É um dos núcleos teatrais mais significativos da cidade, desenvolvendo uma trajetória de investigação consistente, projetos relevantes, espetáculos premiados e reconhecidos pelo público. Propõe a composição de um pensamento não dissociado do corpo, uma crítica atravessada de poesia e humor, o trânsito criativo entre elementos de diferentes linguagens artísticas. Investiga o teatro como espaço de encontro, o corpo como princípio de criação e comunicação, os riscos e forças da relação entre atores e espectadores. A cena como experiência e dispositivo de conexões, dentro da perspectiva de uma ética da festividade na criação cênica: uma ética do encontro e da diversidade, que celebra o corpóreo, o prazer e o próximo.

O primeiro projeto da Cia Rústica levou à cena três textos de Shakespeare, investigando uma linguagem contemporânea a partir da tradição de uma forma cênica potente: Macbeth (2004), Sonho de Uma Noite de Verão (2006) e A Megera Domada (2008). Além das montagens, o projeto promoveu oficinas, debates, ensaios abertos e apresentações em espaços não convencionais e para espectadores de distintos grupos sociais, buscando a ampliação dos campos de ação artística. Os espetáculos foram contemplados com vários Prêmios Açorianos (Prefeitura Municipal de Porto Alegre), Braskem e Quero-Quero.

Em 2010, a companhia começa a Trilogia Festiva, composta por Clube do Fracasso(2010), Natalício Cavalo (2013) e Caóticas (prevista para 2015). As montagens propõem a criação de dramaturgia própria, em uma composição que transita entre memória e presente, humor e poesia, real e teatralidade, incorporando elementos de vídeo, música ao vivo, dança, teatro documental. Foram contempladas com o Prêmio Funarte Myriam Muniz e receberam vários outros prêmios e indicações, incluindo Prêmio Açorianos de Melhor Dramaturgia e Prêmio RBS Cultura Melhor Espetáculo Júri Popular (Clube do Fracasso) e Prêmio Braskem em Cena Melhor Espetáculo (Natalicio Cavalo).

Além da Trilogia, em 2010 a companhia estreia o projeto Trânsitos, infiltrações poéticas pelas ruas da cidade, investigando possibilidades de intervenção urbana. Desvios em Trânsito, uma intervenção realizada em ruas do centro urbano que propõe desvios nas trajetórias retilíneas do cotidiano, acontece desde 2010. Cidade Proibida, é uma intervenção-espetáculo que propõe a invenção de espaços de convívio em lugares que durante a noite tornam-se proibidos pela ameaça de violência presente nas paisagens urbanas das capitais, iniciando sua ação em 2013.

Em 2011, estreia O Fantástico Circo-Teatro de um Homem Só solo com Heinz Limaverde que transita entre a memória e o presente da cena. Prêmio Açorianos 2011 de Melhor Direção e Melhor Figurino. Participou de vários festivais nacionais e do Palco Giratorio Sesc Nacional 2013. 


Em 2014, a Cia Rústica participa de Residência Artística no Festival Palco Giratorio do Sesc RS com seu repertorio completo, que inclui todas as produções realizadas desde 2010. Realiza o projeto Cia Rústica em Circuito (Prêmio Funarte Myriam Muniz), que leva Natalicio Cavalo, Desvios em Trânsito, Clube do Fracasso e a oficina Poéticas Festivas à cinco cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

O Fantástico Circo-Teatro de um Homem Só (Cia Rústica/RS)
Data: 7 de outubro (terça-feira)
Horário: 20h30
Local: Teatro Calil Haddad
Duração: 65 min
Recomendação etária: 14 anos
Entrada: R$20,00 (inteira) / R$10,00 (meia).


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