Dia 11/11 – segunda-feira
20h30
“Peep Classic Ésquilo” (Club Noir / SP)
"As suplicantes" e "Os persas"
Dia 12/11 – terça-feira
20h30
“Peep Classic Ésquilo” (Club Noir / SP)
"Orestéia I" e "Orestéia II"
Dia 13/11 – quarta-feira
20h30
“Peep Classic Ésquilo” (Club Noir / SP)
"Sete contra Tebas" e "Prometeu"
Local: Teatro Barracão
Recomendação etária: 16 anos
Duração: 60 minutos
Entrada franca
Retirar ingressos 1h antes na bilheteria do teatro
A
renomada companhia paulista Club Noir cumpre edital de circulação pelo Programa
Petrobras Distribuidora de Cultura 2013-2014. Dentre as cidades escolhidas pelo
grupo estão Londrina e Maringá, onde realizam apresentações gratuitas de 8 a 13
de novembro na programação da 3ª Mostra de Teatro Contemporâneo.
Serão
apresentadas duas tragédias por dia, totalizando seis tragédias. É a primeira
vez (no Brasil e também no âmbito internacional) que uma companhia encena todas
as obras de Ésquilo, considerado por muitos o primeiro autor da história do
teatro.
Sobre o projeto PEEP
CLASSIC ÉSQUILO:
A
dramaturgia de Ésquilo como reinvenção do homem e do teatro: uma nova abordagem
das primeiras peças (de que temos registro) escritas na história do teatro.
Ésquilo as criou e encenou na Grécia do século V a.C. e agora elas chegam a
público de um modo surpreendente, que potencializa radicalmente a pesquisa da
companhia. Todas as obras serão encenadas dentro de um cubo formado por linhas
metálicas, sem trilha sonora alguma, explorando as inúmeras modulações e
texturas das vozes dos atores e tendo como iluminação apenas uma única lâmpada
fluorescente, que delineia tenuemente a imobilidade das figuras em cena.
Tudo
isto visa fazer eclodir, destes antigos textos, toda a potência de gráficos de
forças que se constituem como alteridades em relação ao que chamamos, hoje, de
vida humana. As peças instauram-se como estranhas paisagens em
imobilidade-móvel (os atores estão estáticos no espaço, mas estão muito velozes
no tempo, através dos trânsitos entre distintos planos vocais), em uma
topografia de diferentes intensidades, instáveis, habitadas por outros moldes
arquetípicos, desenhados em outras arquiteturas linguísticas, configurando uma
experienciação insuspeitada de alteridades radicais. A linguagem como força
criadora de mundos: as palavras são como sementes, capazes de gerar sensações e
imagens inclassificáveis no imaginário de cada espectador.
O
projeto PEEP CLASSIC ÉSQUILO pretende proporcionar ao público uma
experienciação estética imprevisível e autônoma, através do diálogo com obras
de arte que se localizam fora de qualquer tempo específico ou contexto
cultural. As peças se relacionam com forças inconscientes, indizíveis, forças
capazes de desencadear processos sensíveis polissêmicos e perturbadores em cada
espectador – novas possibilidades de vivenciarmos o tempo, o espaço, a
linguagem, a condição humana.
Encaramos
o autor destas peças (para além de sua localização histórica) como o criador de
uma Poética fundante, de um teatro que não se configura como um espelho do
mundo, mas que se instaura como uma insuspeitada tecelagem: criador de uma rede
de fios engendrados por outros modos de subjetivação, por sensações e imagens e
construções que são da ordem do inominável, posto que se localizam fora da
cartografia reconhecível de nossa cultura global contemporânea. Não nos
reconheceremos – nem a nós, nem ao nosso mundo – nestas obras; o que veremos
aqui são outras possibilidades: outros mundos, habitados por outras formas de
vida.
A
alteridade estética das obras de Ésquilo instaura outra possibilidade do humano,
promovendo transubstanciações dos sentidos unívocos (vocação primeira da
palavra polissêmica grega) e revolução nos signos, através da abertura e
expansão de um espaço/tempo poético, habitado por outros usos da linguagem.
Nestas
tragédias, o que importa não é o contexto cultural/ficção/fábula que dita a
ideia de um espaço/tempo-fixo-datado, mas sim a proposição intensa de uma
estranha topografia de sensações e experiências que se nos afiguram como a
presentificação brutal de outros modos de subjetivação – nos levando a
redefinirmos a maneira estagnada e banalmente limitadora como a cultura de
massa desenha hoje o ser humano.
Não
se trata, nestas obras, de entendimento (compreensão unívoca da narrativa,
objetificação do sujeito e esclarecimento acerca de suas motivações), mas sim
de produção e experienciação de intensidades desestabilizadoras, através da
força de palavras que criam tempos e espaços. Produção de intensidades:
produção de diferentes espécies de intensidade; em termos de estratégia de
construção cênica, a produção de intensidades é o avesso do sistema linear
acumulativo. Trata-se, aqui, do traço e do apagamento imprevisíveis de pontos
de fuga. Isto afeta profundamente nossa percepção do tempo (por mythos, entendemos
não a narrativa, mas sim o gráfico específico de forças (intensidades)
desencadeadas na experienciação destas obras.
Palavras de Roberto
Alvim sobre o projeto
Diz
o diretor e adaptador Roberto Alvim: “Encontrar, em uma extrema redução, a
abertura de um novo campo de possibilidades: o nosso campo de atuação nestas
obras. E, graças a este poder de concentração, promover um estranho movimento
de expansão – expandir poeticamente (isto é, nos registros da polissemia e da diferença)”.
“É
incrível como estas peças promovem uma experienciação seca, árida, mas poderosa
de uma estranha maneira, até então desconhecida, em trânsitos permanentes entre
diferentes intensidades, e que nos deixa sem nada nas mãos ao final (não há
síntese apaziguadora ou moralizante ou catártica de nenhuma espécie; só o que
nos é proporcionado é uma experienciação no limite da redução, arcaica e da
ordem da alteridade ao mesmo tempo, uma vivência estética primária, que sempre
foi atenuada por idealizações ou por iconoclastias ao longo da história, mas
que agora é servida aos ossos”.
“E
a coisa toda não tem nada a ver com catarses ou sistemas coercitivos...Trata-se
de uma experienciação muito próxima da literatura, em seu apelo pela expansão
do imaginário do receptor, mas que se coloca de modo mais poderoso que a
experiência literária por sua estranha modelação biofísica do tempo/espaço”.
“Nosso
trabalho com as tragédias é o paroxismo desta nossa pesquisa, que vai na
contracorrente de todas as facilidades (da ordem da significação por semelhança)
e profusões de ícones em que se transformou a visualidade contemporânea. As
obras são, em si mesmas, uma educação pela cena, mudando completamente o olhar
daqueles que com elas entrarem em contato.”
“O
ponto é que a dita ‘função catártica’ das tragédias é apenas a visão de Aristóteles
acerca das tragédias (isto é, é a interpretação de um crítico acerca do sentido
do fenômeno trágico). O que percebemos é que as tragédias nunca tiveram como
função provocar catarse alguma... As tragédias de Ésquilo são a instauração
poética de vertiginosos gráficos de forças de diferentes intensidades, em
estranhas paisagens espaço-temporais, que inauguram uma visão heraclítica
(pré-socrática) da vida, da ordem da alteridade radical em relação a nossa
forma de entendermos e vivenciarmos nossa humanidade”.
Ficha
Técnica
Gênero:
Tragédia
Dramaturgia
original: Ésquilo
Direção
e adaptação: Roberto Alvim
Com
os atores da Cia Club Noir: Juliana Galdino, Paula Spinelli, Gabriela Ramos,
Martina Gallarza, Bruno Ribeiro, Fernando Gimenes, Marcelo Rorato, Renato
Forner e Ricardo Grasson
Direção
de Produção: Juliana Galdino
Produção
Executiva: Danielle Cabral
Produtor
de Operações: Marcelo Rorato
Cenário
e iluminação: Roberto Alvim
Figurinos:
Juliana Galdino
Fotografias:
Julieta Bacchin
Arte
gráfica: Felipe Uchôa
Duração:
60 minutos
Classificação
indicativa: Não recomendado para menores de 16 anos
Produção
Local: Rumo Empreendimentos Culturais
Promoção
Exclusiva: SESI PR, Gazeta do Povo, Clube do Assinante e Rádio Lumen FM