quarta-feira, 27 de novembro de 2013

“Yolanda Calaboca”: atravessando as fronteiras entre a lembrança e a imaginação



“Yolanda Calaboca” é um trabalho desenvolvido pelo Cia Casa das Fases – Núcleo de Arte e História com Senhoras e Senhores, de Londrina, que traz à cena um monólogo realizado pela atriz Carmem Mattos, de 82 anos. O espetáculo apresenta ao público um cenário que logo traz à tona seu tema: memória de uma vida vivida. Fechado por uma cortina de tule que era aberta lentamente pela própria atriz que entrava em cena carregando uma mala, o palco revelava uma colcha de renda que formava uma espécie de “casa-cabana” e alguns objetos que remetiam ao tempo passado: uma máquina de costura, um ferro antigo e um ventilador velho. Segundo a Cia, uma pesquisa sobre a velhice e a loucura deu origem ao espetáculo.
Se o monólogo trazia poucas falas, no entanto, o cenário, os gestos e a trilha sonora conduziam o espectador pelos labirintos de uma memória que, não sem perturbação, revelava as perdas de uma vida. Entre elas, um aborto - simbolizado por uma cena em que a personagem retira de dentro da blusa um tecido vermelho - que ainda reverberava vivamente na memória como aquilo que poderia ter sido e não foi. Não só na memória e nem só no pano vermelho, no entanto, estavam as marcas dessa desilusão. O vestido de tule perolado e envelhecido da atriz trazia em sua saia vários bonecos de pano pendurados.  Também a sua mala continha um boneco em tamanho real – como um peso a ser carregado ao longo do percurso. Era este boneco, agora, que, tido como filho, lhe acompanhava na tentativa de prosseguir com uma vida que não mais passível de ser recomeçada, buscava, em cena, reconstruir-se atravessando as fronteiras entre a lembrança e a imaginação.
Um pano colorido com a imagem de Nossa Senhora Aparecida pendurado em um varal e frases que remetiam a religião possibilitavam ao espectador inferir uma espécie de culpa da personagem diante das atitudes cometidas. A cor vermelha do seu batom, do seu esmalte, do pano e do guarda-chuva era presença forte no palco e contrastava vivamente com a palidez e o apagamento do restante do cenário e do figurino, ambos bege perolados. O contraste das cores pareceu enfatizar a vivacidade do tempo passado (ainda presente) no tempo atual, marcado pelo apagamento.



Os elementos dispostos em cena tornavam-se, assim, os responsáveis por comunicar simbolicamente as sensações e os sentimentos que às lembranças – doloridas e chocantes - calavam.  Somam-se a eles as expressões oscilantes e os movimentos da personagem que gargalhava, dançava com seu boneco, fumava um cigarro, abraçava a mala, segurava o guarda-chuva em uma chuva imaginária... A fragmentação das cenas refletia uma subjetividade também fragmentada que compunham verossimilmente o descompasso da loucura. O espetáculo é também uma homenagem a uma das atrizes pioneiras da Cia, Jandira Testa que, a princípio, também fazia parte da montagem e que faleceu no ano passado, mas concretiza-se como uma homenagem à vida e suas dores e, portanto, “à vida, apenas, sem mistificação”, para usar as palavras de Drummond.



Camila Hespanhol Peruchi faz parte do grupo de Crítica Literária Materialista da Universidade Estadual de Maringá.
 Fotos: Rafael Saes


"Brevidades": A vida é um palco



O Coletivo de Teatro Alfenim, da Paraíba, se apresentou pela primeira vez em Maringá com o monólogo “Brevidades”, protagonizado brilhantemente pela atriz Zezita Matos. Ao adentrar o cenário, o público era convidado a compartilhar das angústias, medos, preconceitos e vaidades de uma atriz com Alzheimer. Os espectadores tornavam-se, assim, parte do próprio cenário ao sentarem-se em mesas de chá que faziam parte do mesmo ambiente da atriz, passando a ser os outros personagens da peça: seus confidentes.  Ao utilizar-se da metalinguagem e trazer o teatro para dentro do teatro, no entanto, o discurso poético de uma vida a procura de um sentido e abandonada não corre o risco de cair nas armadilhas do subjetivismo – muitas vezes, risco caro ao monólogo. Assim, Eleusa, que se esquece do ato de representar, não deve ser vista apenas como uma subjetividade em desmantelamento devido a uma doença sem cura: tema propício à identificação e ao compadecimento do público. Ela torna-se, ao contrário, a crítica desse subjetivismo tacanho e fácil por meio da rememoração de seu passado, sendo muito mais que um indivíduo em crise compartilhando angústias pessoais. A personagem representa, por meio desse recurso épico, uma classe social: a burguesia. Sendo a representação de uma coletividade, desnuda e revela comportamentos naturalizados pela classe dominante que não vê problemas em, por exemplo, recordar-se da relação cordial com a empregada negra, pautada pela anulação dessa subjetividade em prol de seus caprichos pessoais. Resulta daí o elemento formal do distanciamento que possibilita ao público refletir criticamente acerca de um indivíduo, facilmente identificável no meio social em que estamos todos inseridos. Historicizar, assim, a fragmentação do sujeito é tarefa necessária no cenário atual do teatro contemporâneo. Ao questionar – e esperar uma resposta – das pessoas da plateia sobre o porquê de sua presença “em sua casa”, ao convidar um dos espectadores para sentar-se na sua mesa de chá e contar-lhe também sobre sua vida e ao crer que ora um, ora outro espectador era, na verdade, seu ente próximo, Eleusa revela o processo de reassimilação a que o Alzheimer obriga e faz com que o espetáculo nos imprima um novo sentido à velha conhecida frase “a vida é um palco”. Ao revelar poeticamente e, muitas vezes, em brevidades, os percalços da vida individual, da vida social e da doença marcada pelo esquecer-se a si mesmo, o Coletivo de Teatro Alfenim fez o público refletir não só sobre a condição de estar no mundo, mas, principalmente, sobre a condição de estar com outros. Surpreendente mesmo é ter feito isso pela forma do monólogo.



Camila Hespanhol Peruchi faz parte do grupo de Crítica Literária Materialista da Universidade Estadual de Maringá.
Fotos: Rafael Saes

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Um chapéu, um tijolo e uma flor


O riso escancarado da solidão do sujeito moderno. A ácida crítica na confortável forma da comédia. O farsesco que quase chega a tocar a ferida dos recalques humanos. Um escorregar na casca de banana que não só dói, mas faz pensar e incomoda. A abertura da Mostra de Teatro Contemporâneo de Maringá, já em seu terceiro ano de realização, trouxe para o palco do Teatro Marista o espetáculo “Nada de Novo”, do grupo Parlapatões, Patifes & Paspalhões, de São Paulo, há mais de vinte anos na estrada.  Sob o mote de não existir nada de novo a se apresentar, dito por dois personagens no início do espetáculo, uma série de esquetes circenses e teatrais é apresentada de forma a conduzir o espectador a refletir sobre sua própria presença no teatro, sua alienação frente à ditadura da televisão, a necessidade da arte na sociedade, a crise da comunicação no seio familiar. Tudo numa linguagem para todos. E nada mais reflexivo para a abertura de uma mostra do que escancarar no palco, com tímidas papas na língua, o papel do teatro frente à era da tecnologia através de uma grande onda de risos e palhaçadas, que não busca identificação realista, pois para os mais maduros as piadas soaram como velhas conhecidas, escamoteadas num tempo/espaço em que o circo ainda era místico.




O público, convidado a fingir que não sabe que os atores fingem serem personagens que apenas estão fingindo ser algo que não o são, entra no mundo da imaginação, inserido entre o paradigma do ser e o do representar: mas essa transmutação imaginária necessária para se alcançar a fantasia não será utilizada para recontar as histórias dos Cavaleiros, Reis, Rainhas e Duques de Shakespeare, mas sim para adentrar o universo dos comediantes, onde não há nada de novo, mas um riso que ficou para trás na medida em que o circo perde o seu espaço no cotidiano. A extinção do riso se faz na metáfora sugerida a certa altura da peça pelo personagem de Hugo Possolo, aliás, de interpretação admirável: por trás de todo sorriso, há também a morte, a forma da caveira humana; e ao rirmos, deixamos transparecê-la.  É a dialética da existência, o outro lado da moeda, o cômico e o trágico imbricados em incomodar o espectador – que se esconde em si mesmo quando o Professor, interpretado por Possolo, pede para que seu assistente de palco (Raul Barreto) busque alguém da plateia para o seu teste teórico sobre como se faz rir, parte três. É catártico, é paspalhão, não poderia ser diferente. Mas ao botar o dedo na ferida da gargalhada calada, se mostra como reflexivo e dialético – e o cômico passa a se auto-discutir.
O reencontrar do espaço do cômico, da arte circense, do riso, do teatro, a possibilidade da existência da arte e da poesia na desenfreada velocidade cotidiana se fazem reverberar na cena em que a trupe coloca no palco um símbolo: um chapéu, utilizado em espetáculos cômicos desde Karl Valentin e Charles Chaplin, que representa o artista. Dentro dele há um tijolo, “que é pra dar peso no trabalho”. E no tijolo uma flor, que é pra não deixar “faltar poesia nessa merda”. E assim, longe da polidez do teatro clássico e mesmo das piadas senso-comuns vendidas como produtos no mercado do entretenimento global, o quarteto em cena consegue motivar simultaneamente as gargalhadas dos mais jovens e fazer cerrar as sobrancelhas dos mais velhos.



Não se pode deixar de mencionar a explícita preparação corporal dos atores alinhada à capacidade de manter o público na maré de tiradas cômicas, num domínio técnico de timing como pouco se encontra na comédia brasileira. Além disso, a rapidez em interagir com o público, com o espaço, com as eventualidades infinitas que ocorrem durante o espetáculo numa quase naturalidade realça o domínio da forma do improviso de seus integrantes. Enfim, com certo tom de teatro que se discute, autocritica e se reflete enquanto prática social, quase que num movimento de “morde e assopra”, a Mostra de Teatro Contemporâneo inaugurou suas atividades em 2013 reunindo uma heterogênea plateia que, agradavelmente, pôde compartilhar a quase extinta gargalhada, colocada em choque ao transformar o momento da diversão na mais ácida paspalhada social.



  Thaís Aparecida Domenes Tolentino faz parte do Grupo de Crítica Literária Materialista da Universidade Estadual de Maringá. 
  Fotos: Rafael Saes

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Atração do dia 17/11 - "Metamorfoses de Ofélia" (Gabi Fregoneis/Maringá)

Dia 17/11 – domingo

17h
“Metamorfoses de Ofélia” (Gabi Fregoneis / Maringá)
Local: Teatro Reviver
Recomendação etária: 16 anos
Duração: 90 minutos
R$ 10 inteira e R$ 5 meia
Sessão para 40 pessoas


 A instalação “Metamorfoses de Ofélia” apresenta releituras da personagem Ofélia na contemporaneidade, tendo como ponto de partida o poema “Ophelia” de Rimbaud e as obras “Hamlet”, de William Shakespeare e “Hamletmachine”, de Heiner Müller.

A montagem visa uma experiência prática sobre o espaço e suas relações entre as linguagens cênica/performática e cinematográfica, em um processo que parte da corporeidade e de desejos do universo feminino. A instalação é interativa, pois são apresentados objetos de Ofélia no espaço, juntamente com a projeção de um vídeo.

A instalação foi criada em 2010 e faz parte da pesquisa de Mestrado da atriz-performer Gabi Fregoneis, defendida em 2012 na Universidade Estadual de Santa Catarina. A obra já foi apresentada no evento "O mal-estar da arte contemporânea" na Universidade Federal de Santa Catarina em 2010; na "Semana Ousada de Artes" da Universidade Estadual de Santa Catarina e no Festival de Curitiba em 2012.



Currículo da atriz

Formada em Artes Cênicas - Bacharelado em Interpretação Teatral pela Faculdade de Artes do Paraná em 2009. É mestre em Teatro pela Universidade Estadual de Santa Catarina (2012) e acaba de entrar para o doutorado no Instituto de Artes da Universidade de Campinas (Unicamp). Tem experiência na área de Artes Cênicas, com ênfase em Representação, Teatro e Mídias.
Atuou nos seguintes espetáculos: “Vivienne”, “Elizaveta Bam”, “Mú - História para boi dormir”, “Chica Polka” e “Dom Quixote”. Fez a Oficina de Atores da Globo e teve algumas participações em novelas daquela emissora.


Ficha técnica

Atriz-performer: Gabi Fregoneis
Direção: Gabi Fregoneis
Direção de Fotografia: Renata Petisco, Dimis Jean Sores e Darlei Fernandes
Figurino: Gabi Fregoneis
Sonoplastia: Dimis Jean Sores
Duração: 1h30

Atração do dia 16/11 - "O Rio da Paz" (Teatro de Câmera/ Maringá)



Dia 16/11 – sábado

20h30
“O rio da paz” (Teatro de Câmera / Maringá)
Local: Teatro Barracão
Recomendação etária: 16 anos
Duração: 55 minutos
R$ 10 inteira e R$ 5 meia

Sessão para 50 pessoas

Durante uma noite chuvosa, o reencontro entre pai e filho, depois de muito tempo, traz à tona velhos rancores, frustrações e segredos marcados pela violência.

Dando continuidade ao Projeto “Em meio aos escombros”, iniciado em 2008, a peça evita o realismo formal, criando uma ambiência de anti-ilusão, com passagens que remetem ao próprio ato de encenar, e fazendo da memória seu assunto principal.

“O rio da paz”, assim como em trabalhos anteriores, traz algumas das questões estéticas que norteiam a proposta do grupo: o intimismo cênico, com os espectadores muito perto dos atores; a valorização do texto e do trabalho do ator, conjugando o corpo como espaço-tempo; a fragmentação formal e o distanciamento dramático; a análise das fraturas psicológicas das relações humanas; a linguagem seca, com derivações de ação e tensão; a simplicidade cenográfica; a influência do cinema e da literatura do americano William Faulkner (1897-1962), autor de “O som e a fúria”, “Palmeiras selvagens” e “Enquanto agonizo”, e Nobel de Literatura em 1949.



Ficha Técnica

Texto e direção: Paulo Campagnolo
Assistente de direção: Joaquim dos Santos
Elenco: Fabrício Machado, Joaquim dos Santos e Paulo Campagnolo
Operador de Luz e Sonoplastia: Joaquim dos Santos
Luz, Cenário, Figurino e Sonoplastia: Paulo Campagnolo
Fotos: Amanda Podanoscki

Projeto EM MEIO AOS ESCOMBROS

Duração: 53min.

Lugares: 50

Classificação: 16 anos

Atração do dia 14/11 - "Hamlet-Machine" (Núcleo 7/Campo Mourão)




Dia 14/11 – quinta-feira
23h59
“Hamlet Machine” (Núcleo 7 / Campo Mourão)
Local: Oficina de Teatro da UEM
Recomendação etária: 16 anos
Duração: 60 minutos

R$ 10 inteira e R$ 5 meia

HAMLET-MACHINE: Delineamento das formas de uma estética da era do caos, a verdade ou a beleza das concepções clássicas transformadas em lixo atômico. Heiner Müller retoma a essência da matéria dramática do Hamlet shakespeareano para reescrever com absoluta crueldade a tragédia de nossa própria condição atual como humanindade ou como cultura. (Júlio York-Núcleo de pesquisa Cênica e Dramaturgia/Tribo de atuadores/Extraído da Revista-Registro espetáculo Hamlet Máquina-Porto Alegre-RS-BR)

HEINER MÜLLER: Sua carreira literária teve início quando o socialismo estava sendo construído na República Democrática Alemã, o lado leste da já dividida Alemanha. Como elementos frequentes em sua obra, o autor discute o socialismo e o valor da Revolução. Com a queda do muro, em 1989, torna-se referência do teatro pós-moderno por, principalmente, trazer a política aos palcos.
Paralelamente ao seu trabalho no teatro, destacou-se por suas declarações irreverentes e posições políticas e culturais iconoclastas, tanto sobre a história alemã, a divisão do país e a guerra fria, quanto sobre o fim da República Democrática Alemã e a unificação. Müller deriva sua obra tanto da tradição canonizada quanto da apócrifa, criando assim uma tradição própria que se abre ao pós-modernismo.
Discípulo de Brecht, sua dramaturgia incorpora a encenação e vai exercer uma influência profunda na Alemanha Ocidental, França, Estados Unidos e Brasil.

A estética da era do caos, a verdade ou a beleza das concepções clássicas transformadas em lixo atômico. Heiner Müller retorna a essência da matéria dramática do Hamlet shakespeariano para reescrever com absoluta crueldade a tragédia de nossa própria condição atual humana ou cultural.


DIREÇÃO: Carlos Soares
Elenco: Alexandre Felix, Cassiana Soares, Cristiane Pereira, Geovane Rodrigues, Giancarlo Cieslak, Maria Gobato Tonon, Natalia Soares, Paulo Henrique da Silva, Paulo Roberto Custódio de Oliveira, Rodrigo Silva, Valdilene Wagner, e Vanuza Eloisa da Silva.
Iluminação: Milton Lima


A MONTAGEM RECEBEU A CONTRIBUIÇÃO DO SESC/CAMPO MOURÃO: Através do Projeto Leituras Cênicas com a oficineira Daiane Dordete Steckert Jacobs (Doutoranda e Mestre em Teatro pela UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina e Bacharel em Artes Cênicas com Habilitação em Interpretação Teatral pela FAP - Faculdade de Artes do Paraná. Professora efetiva do Departamento de Artes Cênicas da Udesc, em Florianópolis. É atriz, diretora, dramaturga, contadora de histórias, cantora, poeta e produtora cultural.)

APOIO LOGÍSTICO: Fundação Cultural de Campo Mourão/Coordenação de Ação Teatral.

Atração do dia 15/11 - "Cronópios da Cosmopista" (Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio/ Curitiba)



Dia 15/11 – sexta-feira 

20h30
“Cronópios da cosmopista” (Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio / Curitiba)
Local: Teatro Barracão
Recomendação etária: 16 anos
Duração: 50 minutos
Entrada franca
Parceria com o projeto Convite ao Teatro

Retirar ingressos 1h antes na bilheteria do teatro

Um anti musical Psicodélico

Durante a experiência com a montagem de “Amoradores de rua” pelo prêmio Myriam Muniz/Funarte (2009/2010), o grupo de atores e artistas envolvidos na encenação percebeu a necessidade de um trabalho de pesquisa e desenvolvimento de descobertas de linguagens, creditando nesta ação uma possibilidade de dar continuidade a algumas conquistas e percepções físicas e intelectuais no universo da criação teatral.

Vieram então as montagens de “END” e “Uma entre mil histórias de amor”, mergulho na obra do diretor e artista plástico Raul Cruz. Depois “O buraco da fechadura”, comemorando o centenário de Nelson Rodrigues. Agora a ideia se baseia na montagem de um texto inédito inspirado na obra de Julio Cortázar, ícone da literatura latino americana, propondo um jogo de espelhos entre Cortázar, sua obra e o olhar deste grupo de  artistas, que recriam, dialogam e propõem um outro jogo, com novas cartas e possibilidades. Já no título do trabalho, “Cronópios da Cosmopista”, as obras se misturam e se fundem. 

Nesta nova empreitada o diretor e dramaturgo Rafael Camargo desenvolve  de maneira mais intensa caminhos já apontados em suas criações anteriores, a não ação física como estética do seu teatro, agora transitando pelo gênero musical. Como cantar e dançar no teatro da inação? Que coreografias seriam possíveis para o ator imóvel? O jogo tange a um mergulho  de questões existenciais  profundas e subjetivas. Os não personagens estabelecem uma relação através de uma situação, de uma relação, de um contexto. Nada somos, apenas estamos, quer nos dizer o autor. Apenas atravessamos.

Fragmentos de textos reinventados, canções, poemas e frases dão o lastro e servem de fio condutor para a criação do texto. Neste redemoinho do realismo fantástico de Julio Cortazar reza um mundo envolto em outros mundos, que se desdobram e se fundem. O fim e o começo sem cronologia e às vezes paralelos nos dão e nos retiram o chão. E os pés experimentam outros caminhares: Como caminhar sem chão, por exemplo, ou dançar sem se mover, simplesmente.



                                                                                              Rafael Camargo



Dos desejos e projetos individuais e coletivos de artistas e produtores, nos encontramos para realizar o primeiro espetáculo: “Amoradores de Rua” em 2010 e depois “End” e “Uma entre mil histórias de amor” em 2011.

O Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio vem se estruturando e dedicando-se a trabalhos experimentais, em sua maioria, criados por meio de processos colaborativos em que os atores, diretor, dramaturgo e equipe são todos artistas criadores.

Caminhando para um teatro que reflita a expressão artística na escolha pela discussão de temas inerentes ao ser humano, portanto atuais e relevantes e que se comuniquem com o seu tempo.

Estamos novamente todos juntos, agora em “Cronópios da Cosmopista”, observando o desenvolvimento e as possibilidades do nosso encontro.Que ele seja tão prazeroso para o público que nos assiste, quanto para nós que o realizamos.

E neste meu teu portal. E nesta tua porta passagem estrada, que nos te me olhamos, que nos te me tocamos delicadamente, parece. Vamos, vamos e vamos autonautas, é bom ir.


Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio


|Blog do Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio |


Ficha Técnica

Inspirado na obra de Julio Cortázar 
Texto e Direção: Rafael Camargo
Elenco: Cristiane de Macedo, Diego Marchioro e Rafael Camargo
Stand in: Martina Gallarza
Cenografia e Adereços: Maria Baptista e Gabriel Gallarza (Oficina Projetos)
Cenotécnico: Alfredo Gomes e Adilson Magrão (Procenium)
Figurino: Cristine Conde
Direção Musical e Arranjos: Leonardo Pimentel.
Trilha Sonora: Ruído Branco Produções
Operação de Som: Fernando de Proença
Iluminação: Fernando Dourado
Operação de Luz: Debora Zanatta
Fotografia: Chico Nogueira
Videomaker|:Alan Raffo
Assessoria de Imprensa: Fernando de Proença.
Comunicação Visual e Ilustração: Leonardo Pimentel
Idealização: Rafael Camargo (Tanta Produções)

Direção de Produção: Diego Marchioro
Assistência de Produção: Debora Zanatta
Produção: Rumo Empreendimentos Culturais
Criação e Realização: Tanta Produções e Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio

Atração do dia 14/11 - "Yolanda Calaboca" (Casa das Fases/Londrina)




Dia 14/11 – quinta-feira

20h30
“Yolanda calaboca” (Casa das Fases / Londrina)
Local: Teatro Reviver
Recomendação etária: Livre
Duração: 35 minutos
R$ 10 inteira e R$ 5 meia

Sessão para 60 pessoas

“Yolanda Calaboca” comemora os 25 anos do grupo Casa das Fases, de Londrina, e é uma homenagem a uma das atrizes e pioneiras da companhia, Jandira Testa, que faleceu no ano passado.

Yolanda surgiu após uma pesquisa que a companhia realizou sobre solidão e velhice. Um mergulho no mundo da memória, o ato de esquecer e lembrar como uma forma de permanecer vivo, equilibrado na corda bamba que nos colocam durante toda uma existência, marcada por acontecimentos que mudam completamente a rota planejada. A dramaturgia, cenário, figurinos advém do encontro com realidades tão distintas e comoventes.

Em junho deste ano Yolanda foi apresentada no VII Transit Festival, promovido pelo importante grupo Odin Teatret, liderado por Eugenio Barba em Holstebro/Dinamarca. O projeto de montagem tem o patrocínio do Programa de Incentivo à Cultura de Londrina (Promic) e Ministério da Cultura.



Yolanda

Nascida em 1930, Yolanda é filha única de uma família de cinco homens. Acostumada com a presença do pai, aprendeu tudo que uma moça deveria saber e mais tudo o que quisesse. Casou-se na década de 1950 com o homem que escolhera e foi mãe no ano seguinte. A família era linda de se ver, era perfeita. E assim foi até a doença do menino da casa. Depois foi o marido, que perdera a memória, desapareceu e quando voltou morreu. Era de tristeza - dizia o povo! Yolanda, viúva, aguentou tudo firme. Depois da morte dos pais, dos amigos, até dela própria. Yolanda chegou aos 82, está doente, abalada e, como ela diz – “meu coração está machucado”. Solitária nesses últimos dias fez coisas de calar a boca de todos!

O "work in progress" conta a história de uma mulher que perdeu todos a quem amava. Depois de conhecer a maldade humana, ela cria seu próprio mundo e nele costura todos os sentimentos, com pontos fortes para não explodir. Na solidão, ela se despede do passado e cria uma realidade para uma única pessoa: Yolanda.



Histórico Casa das Fases

A Cia. de Theatro Fase 3 nasceu em 1986 no Sesc Londrina, numa oficina de teatro direcionada a pessoas da terceira idade. Com a direção de João Henrique Bernardi, o primeiro espetáculo chamou-se “O idoso vai à luta” e, desde então, o grupo de senhoras e senhores acima dos 60 anos não parou mais de trabalhar e já traz no currículo diversas montagens apresentadas em salas de espetáculos, casarões históricos, shoppings e ruas.

Em 1999, o grupo foi convidado pelo governo alemão para participar do festival It’s My Life, na cidade de Colônia, onde mostrou o espetáculo “Zona Paraíso”, montado em 1994 para celebrar os 60 anos de Londrina. A companhia foi destaque na mídia alemã, mostrando uma sólida atuação e levando para um novo público a cultura brasileira.

Para abrigar a Cia. de Theatro Fase 3 e seus projetos culturais, nasceu em 2000 a Casa das Fases – Núcleo de Arte e História com Senhoras e Senhores, onde o grupo deu início a um trabalho de oficinas de teatro e formação de novos atores aplicando a sua metodologia de pesquisa, que foi se moldando a partir de encontros importantes como com a diretora Nitis Jacon, a italiana Nicoletta Robelo e a alemã Angie Hiesl, entre outros.

Vieram outros espetáculos, tais como “Antígona e Vingança” (2000); “O Banquete” (2001); “Histórias de Maio” e “Caixas de Memórias” (2002); “Verás Que Tudo é Mentira” (2003); “As Mulheres de Seo Gegê” e “Orgonizador Paduhélio” (2004); “As Velhas Loucas” (2007); “A Última Carta de Amor do Século XX” (2005); “De todas as mulheres que fui”; “Para dores femininas” (2008); “Yemanjá de São Saruê” (2009); “Igual” (2009), etc.

Desde 2002, com patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura de Londrina (PROMIC), o grupo também desenvolve ações culturais na periferia de Londrina, promovendo uma descentralização da arte ao realizar oficinas de teatro e vídeo, montagens e performances. Além dos espetáculos, a companhia mantém um repertório de ações contínuas, que incluem as oficinas ministradas pelo grupo e que semearam projetos teatrais em outras cidades do Brasil e a criação de vídeos que registram experiências cênicas e também funcionam como resgate de memória das comunidades onde são desenvolvidos estes trabalhos. Outras cidades do Paraná e de outros estados já foram contempladas com este projeto de extensão da Cia de Theatro Fase 3 que, desde 2005, integra o Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura, irradiando experiências audiovisuais, cênicas e de webrádio (o grupo mantém a Rádio Hebe em seu blog na internet – www.casadasfases.wordpress.com).

Em 2006, o grupo recebeu o importante Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz em comemoração aos seus 20 anos de atuação e celebrou com a montagem de “Ave Maria Abençoe as Velhas Loucas Pois Tu o És Também”, que foi visto por um público de cerca de 2 mil pessoas. Em 2007, recebeu o Título de Utilidade Pública do Município de Londrina e também o Prêmio Escola Viva, pelo trabalho nas escolas com crianças e jovens.

A Cia Fase 3 é um dos mais de 2.500 Pontos de Cultura espalhados pelo Brasil. Foi premiada por dois anos consecutivos com o Prêmio Interações Estéticas -   Residências Artísticas em Pontos de Cultura. A convite da Secretaria da Cidadania Cultural (SCC/MinC) e Funarte, o grupo fez parte do “Circuito Interações Estéticas” em algumas capitais do país.

Também receberam outros dois prêmios direcionados aos Pontos de Cultura: o Prêmio Estórias de Ponto de Cultura, cujo objetivo é valorizar e dar visibilidade às ações dos Pontos de Cultura nas diversas regiões do país, por meio da publicação de histórias biográficas institucionais, juntamente com a biografia de um personagem da comunidade que se destaca pelo seu conhecimento, atuação e história de vida e o Prêmio Pontos de Valor, direcionados aos Pontos de Cultura que apresentem as melhores práticas com foco na formação e promoção de valores de vida. A proposta é identificar e mapear os Pontos de Cultura que apresentem práticas inovadoras, contribuindo para a compreensão das formas pelas quais os valores são transmitidos em diferentes meios e linguagens artísticas, subsidiando ainda a elaboração do Relatório de Desenvolvimento Humano Nacional (RDH) 2009/2010. O relatório busca identificar os desafios ao desenvolvimento humano no país e discutir alternativas para o trabalho rumo à superação desses desafios.

Em 2009, o grupo realizou um worshop e diversas apresentações na cidade de Holstebro (Dinamarca) durante o Transit 6, festival promovido pelo Odin Teatret, um dos mais importantes grupos de teatro do mundo, comandado por Eugenio Barba. Em 2011 se apresentará na Suécia e na Inglaterra.

A escritora londrinense Célia Musilli comenta: “a magia do grupo consiste em colocar o passado no presente, criando uma ampulheta imaginária que ludibria o tempo. Fica para trás um rastro de criatividade, rabo de foguete, brilho de estrela matutina…”

A Casa das Fases foi criada em 1996 no Sesc de Londrina como um projeto de pessoas idosas que queriam fazer teatro. Em 1999, o grupo foi convidado a participar de um festival em Colônia, na Alemanha, e viajou com a peça “Londrina: Zona Paraíso”, com 28 atores.

Na volta ao Brasil, os atores e seu diretor decidiram tornar o grupo independente e assim nasceu a Casa das Fases. Na bagagem, 24 montagens e apresentações no Brasil e no exterior. Desde 2002, a companhia também desenvolve ações culturais na periferia de Londrina, contribuindo para a democratização da arte.

Ficha técnica

Texto e Direção: João Henrique Bernardi
Atuação: Carmem Mattos
Figurino e Cenário: Ella Melo
Produção: Fabrício Borges

Duração: 30 min

Sede do grupo: Casa das Fases
Rua Lindóia, 546 - Jardim San Remo
(43) 3304.8757 - 98076454


Mais informações: http://casadasfases.wordpress.com

Atração dos dias 11, 12 e 13/11 - "Peep Classic Ésquilo" (Club Noir/SP)

        



Dia 11/11 – segunda-feira

20h30
“Peep Classic Ésquilo” (Club Noir / SP)
"As suplicantes" e "Os persas"

Dia 12/11 – terça-feira

20h30
“Peep Classic Ésquilo” (Club Noir / SP)
"Orestéia I" e "Orestéia II"


Dia 13/11 – quarta-feira

20h30
“Peep Classic Ésquilo” (Club Noir / SP)
"Sete contra Tebas" e "Prometeu"


Local: Teatro Barracão
Recomendação etária: 16 anos
Duração: 60 minutos
Entrada franca
Retirar ingressos 1h antes na bilheteria do teatro


A renomada companhia paulista Club Noir cumpre edital de circulação pelo Programa Petrobras Distribuidora de Cultura 2013-2014. Dentre as cidades escolhidas pelo grupo estão Londrina e Maringá, onde realizam apresentações gratuitas de 8 a 13 de novembro na programação da 3ª Mostra de Teatro Contemporâneo.

Serão apresentadas duas tragédias por dia, totalizando seis tragédias. É a primeira vez (no Brasil e também no âmbito internacional) que uma companhia encena todas as obras de Ésquilo, considerado por muitos o primeiro autor da história do teatro.


Sobre o projeto PEEP CLASSIC ÉSQUILO:

A dramaturgia de Ésquilo como reinvenção do homem e do teatro: uma nova abordagem das primeiras peças (de que temos registro) escritas na história do teatro. Ésquilo as criou e encenou na Grécia do século V a.C. e agora elas chegam a público de um modo surpreendente, que potencializa radicalmente a pesquisa da companhia. Todas as obras serão encenadas dentro de um cubo formado por linhas metálicas, sem trilha sonora alguma, explorando as inúmeras modulações e texturas das vozes dos atores e tendo como iluminação apenas uma única lâmpada fluorescente, que delineia tenuemente a imobilidade das figuras em cena.

Tudo isto visa fazer eclodir, destes antigos textos, toda a potência de gráficos de forças que se constituem como alteridades em relação ao que chamamos, hoje, de vida humana. As peças instauram-se como estranhas paisagens em imobilidade-móvel (os atores estão estáticos no espaço, mas estão muito velozes no tempo, através dos trânsitos entre distintos planos vocais), em uma topografia de diferentes intensidades, instáveis, habitadas por outros moldes arquetípicos, desenhados em outras arquiteturas linguísticas, configurando uma experienciação insuspeitada de alteridades radicais. A linguagem como força criadora de mundos: as palavras são como sementes, capazes de gerar sensações e imagens inclassificáveis no imaginário de cada espectador. 
  
O projeto PEEP CLASSIC ÉSQUILO pretende proporcionar ao público uma experienciação estética imprevisível e autônoma, através do diálogo com obras de arte que se localizam fora de qualquer tempo específico ou contexto cultural. As peças se relacionam com forças inconscientes, indizíveis, forças capazes de desencadear processos sensíveis polissêmicos e perturbadores em cada espectador – novas possibilidades de vivenciarmos o tempo, o espaço, a linguagem, a condição humana. 

Encaramos o autor destas peças (para além de sua localização histórica) como o criador de uma Poética fundante, de um teatro que não se configura como um espelho do mundo, mas que se instaura como uma insuspeitada tecelagem: criador de uma rede de fios engendrados por outros modos de subjetivação, por sensações e imagens e construções que são da ordem do inominável, posto que se localizam fora da cartografia reconhecível de nossa cultura global contemporânea. Não nos reconheceremos – nem a nós, nem ao nosso mundo – nestas obras; o que veremos aqui são outras possibilidades: outros mundos, habitados por outras formas de vida.

A alteridade estética das obras de Ésquilo instaura outra possibilidade do humano, promovendo transubstanciações dos sentidos unívocos (vocação primeira da palavra polissêmica grega) e revolução nos signos, através da abertura e expansão de um espaço/tempo poético, habitado por outros usos da linguagem.

Nestas tragédias, o que importa não é o contexto cultural/ficção/fábula que dita a ideia de um espaço/tempo-fixo-datado, mas sim a proposição intensa de uma estranha topografia de sensações e experiências que se nos afiguram como a presentificação brutal de outros modos de subjetivação – nos levando a redefinirmos a maneira estagnada e banalmente limitadora como a cultura de massa desenha hoje o ser humano.


Não se trata, nestas obras, de entendimento (compreensão unívoca da narrativa, objetificação do sujeito e esclarecimento acerca de suas motivações), mas sim de produção e experienciação de intensidades desestabilizadoras, através da força de palavras que criam tempos e espaços. Produção de intensidades: produção de diferentes espécies de intensidade; em termos de estratégia de construção cênica, a produção de intensidades é o avesso do sistema linear acumulativo. Trata-se, aqui, do traço e do apagamento imprevisíveis de pontos de fuga. Isto afeta profundamente nossa percepção do tempo (por mythos, entendemos não a narrativa, mas sim o gráfico específico de forças (intensidades) desencadeadas na experienciação destas obras.




Palavras de Roberto Alvim sobre o projeto

Diz o diretor e adaptador Roberto Alvim: “Encontrar, em uma extrema redução, a abertura de um novo campo de possibilidades: o nosso campo de atuação nestas obras. E, graças a este poder de concentração, promover um estranho movimento de expansão – expandir poeticamente (isto é, nos registros da polissemia e da diferença)”.

“É incrível como estas peças promovem uma experienciação seca, árida, mas poderosa de uma estranha maneira, até então desconhecida, em trânsitos permanentes entre diferentes intensidades, e que nos deixa sem nada nas mãos ao final (não há síntese apaziguadora ou moralizante ou catártica de nenhuma espécie; só o que nos é proporcionado é uma experienciação no limite da redução, arcaica e da ordem da alteridade ao mesmo tempo, uma vivência estética primária, que sempre foi atenuada por idealizações ou por iconoclastias ao longo da história, mas que agora é servida aos ossos”.

“E a coisa toda não tem nada a ver com catarses ou sistemas coercitivos...Trata-se de uma experienciação muito próxima da literatura, em seu apelo pela expansão do imaginário do receptor, mas que se coloca de modo mais poderoso que a experiência literária por sua estranha modelação biofísica do tempo/espaço”.

“Nosso trabalho com as tragédias é o paroxismo desta nossa pesquisa, que vai na contracorrente de todas as facilidades (da ordem da significação por semelhança) e profusões de ícones em que se transformou a visualidade contemporânea. As obras são, em si mesmas, uma educação pela cena, mudando completamente o olhar daqueles que com elas entrarem em contato.”
“O ponto é que a dita ‘função catártica’ das tragédias é apenas a visão de Aristóteles acerca das tragédias (isto é, é a interpretação de um crítico acerca do sentido do fenômeno trágico). O que percebemos é que as tragédias nunca tiveram como função provocar catarse alguma... As tragédias de Ésquilo são a instauração poética de vertiginosos gráficos de forças de diferentes intensidades, em estranhas paisagens espaço-temporais, que inauguram uma visão heraclítica (pré-socrática) da vida, da ordem da alteridade radical em relação a nossa forma de entendermos e vivenciarmos nossa humanidade”.



Ficha Técnica

Gênero: Tragédia
Dramaturgia original: Ésquilo
Direção e adaptação: Roberto Alvim
Com os atores da Cia Club Noir: Juliana Galdino, Paula Spinelli, Gabriela Ramos, Martina Gallarza, Bruno Ribeiro, Fernando Gimenes, Marcelo Rorato, Renato Forner e Ricardo Grasson
Direção de Produção: Juliana Galdino
Produção Executiva: Danielle Cabral
Produtor de Operações: Marcelo Rorato
Cenário e iluminação: Roberto Alvim
Figurinos: Juliana Galdino
Fotografias: Julieta Bacchin
Arte gráfica: Felipe Uchôa
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 16 anos
Produção Local: Rumo Empreendimentos Culturais
Promoção Exclusiva: SESI PR, Gazeta do Povo, Clube do Assinante e Rádio Lumen FM