segunda-feira, 30 de julho de 2012

Atração dos dias 12/08 e 13/08 - "Luis Antonio - Gabriela" (Cia Mungunzá/São Paulo)


Prêmio Bravo – indicação de melhor espetáculo
5 indicações ao Prêmio Shell (eleito Melhor Direção)
3 indicações ao APCA (Eleito Melhor espetáculo de 2011)
3 indicações ao Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro ( Eleito Melhor direção e Projeto Visual)
Vencedor em 4 categorias (ator, espetáculo, iluminação e figurino)  pelo portal R7
Indicado ao Prêmio Governador para o melhor espetáculo do ano (Júri técnico)
Eleito Melhor espetáculo do Ano pelo premio Governador do estado (Júri popular)
Eleito um dos melhores espetáculos do ano pelos veículos (Veja, Estadão e Folha de São Paulo)


O diretor Nelson Baskerville coloca em cena sua própria história, onde o irmão mais velho, homossexual, Luis Antonio, desafia as regras de uma família conservadora dos anos 1960 e parte para a Espanha sob o nome de Gabriela.
O documentário cênico Luis Antonio – Gabriela tem início no ano de 1953, com o nascimento de Luis Antonio, filho mais velho de cinco irmãos, que passou infância, adolescência e parte da juventude em Santos até ir embora para Espanha aos 30 anos.
O espetáculo foi construído a partir de documentos e dos depoimentos do ator e diretor Nelson Baskerville, de sua irmã Maria Cristina, de Doracy, sua madrasta e de Serginho, cabelereiro em Santos e amigo de Luis Antonio, e narra sua história até o ano de 2006, data de sua morte em Bilbao onde vivera até então como Gabriela.

“Em 2002, recebi uma ligação de minha segunda mãe, Doracy - segunda mãe porque minha primeira faleceu após o meu parto, fazendo meu pai, Paschoal, viúvo com 6 filhos, casar com a Dona Doracy, viúva com 3 filhos, quando eu tinha 2 anos – ela me ligou pra dizer que Luis Antonio havia morrido na Espanha. Luis Antonio, pra mim, era aquele irmão, 8 anos mais velho, que sempre mantive na sombra. Só alguns poucos amigos sabiam da sua existência, ele era aquele que, além de me seduzir, e abusar sexualmente, fazia com que muitos dedos da cidade de Santos fossem apontados pra nós, os “irmãos da bicha”, “a família do pederasta”  e outros nomes. Sou obrigado a confessar que a notícia da morte dele não me abalou nem um pouco. Eram quase 30 anos sem saber nada dele, sem saber se ele estava vivo ou morto, enfim, liguei pra minha irmã, Maria Cristina, advogada para passar a notícia pra frente e a preocupação imediata dela foi com os papéis, atestado de óbito, documentação para o espólio, etc. Mas não sabíamos nada do fato e nem ao menos o local exato de sua morte. Maria Cristina empreendeu então uma jornada fadada ao fracasso que era saber notícias do paradeiro dele. Depois de alguns meses, através da embaixada brasileira na Espanha ela o encontrou. Mas não exatamente da forma que esperava. Luis Antonio estava vivo, morava em Bilbao e a partir disso começamos a tentar formar e entender aquela lacuna de 30 anos que nos separavam dele. Minha irmã, numa aventura “almodovariana” foi encontrá-lo. Luis Antonio chamava-se agora Gabriela, tinha sido uma estrela das noites de Bilbao, era viciada em cocaína e AIDS era a menor das suas doenças. Através da Maria Cristina, passamos então a ter notícias dele até sua morte, agora verdadeira, em 2006.
As perguntas mais frequentes dos amigos ao saberem da história eram: mas vocês nunca mais se viram? Resposta: nunca. Por que não o trouxeram de volta ao Brasil quando o encontraram doente? Resposta: porque não. Você não foi nem ao enterro? Não. “Fiz esse espetáculo.”
- Nelson Baskerville

FICHA TÉCNICA
"LUIS ANTONIO - GABRIELA"
Argumento de Nelson Baskerville
Textos de Nelson Baskerville e Veronica Gentilin
A partir dos relatos de Doracy Ierardi, Maria Cristina Baskerville, Nelson Baskerville e Serginho
Organização e edição - Cia Mungunzá de Teatro e Nelson Baskerville
Duração: 88 minutos
Gênero: Documentário Cênico
Recomendação: 16 anos
ELENCO: Marcos Felipe, Lucas Beda, Sandra Modesto, Verônica Gentilin, Virginia Iglesias; Day Porto
DIREÇÃO: Nelson Baskerville
DIRETORA ASSISTENTE: Ondina Castilho
ASSISTENTE DE DIREÇÃO: Camila Murano
DIREÇÃO MUSICAL, COMPOSIÇÃO E ARRANJO: Gustavo Sarzi
PREPARADOR VOCAL: Renato Spinosa
TRILHA SONORA: Nelson Baskerville
PREPARAÇÃO DE ATORES: Ondina Castilho
ILUMINAÇÃO: Marcos Felipe e Nelson Baskerville
CENÁRIO: Marcos Felipe e Nelson Baskerville
FIGURINOS: Camila Murano
VISAGISMO: Rapha Henry - Makeup Artist
FOTOS: Bob Sousa
VÍDEOS: Patrícia Alegre
PRODUÇÃO EXECUTIVA: Sandra Modesto e Marcos Felipe
PRODUÇÃO GERAL: Cia Mungunzá de Teatro






sexta-feira, 27 de julho de 2012

Atração dos dias 09/08 e 10/08 - "Sem Conserto" (Lorena Lobato/SP)



“Sem conserto” conta a saga de uma mulher que vai da esperança ao desencanto, à consciência da impotência de “ser” no mundo contemporâneo, que encontra na música a única salvação.  No contexto de uma encenação absurda, serve a metáfora da arte como redenção, como também o fato concreto de que, se a personagem, que nasceu em uma casa sem móveis, apenas com os pianos que o avô consertava, consegue transformar seu único filho em um grande concertista, os tempos de miséria podem estar com os dias contados.

Anna, a personagem, fugiu da Rússia ainda adolescente em decorrência “da guerra” e de um casamento arranjado com um homem de mais idade. A peça não é localizada, se concentra em contar a história dessa mulher que é a de tantas outras, portanto, “da guerra” faz referência a todas as guerras e aos danos psicológicos, morais e pessoais causados por elas. Foi com uma cia de dança, sem saber que destino tomar e só ao chegar à Argentina, percebeu que se tratava de um cabaré, onde teve que trabalhar como prostituta. Após um tempo de percalços vividos na Argentina, retorna à Rússia na esperança de casar com o homem de mais idade do qual fugiu e que agora, poderia resolver seu problema de “estar” no mundo. Mas, grávida não é mais possível casar.

A partir daí, começa a história de Anna e seu filho. O plano e as estratégias que cria, antes mesmo do filho nascer, para transformá-lo num grande pianista. Como as pedintes que estão a cada esquina do espaço urbano, que usam seus filhos dependurados na cintura como meio de sobrevivência, ela, desesperadamente se agarra na convicção de que a música é o único jeito, é a única coisa que pode fazer para que o filho sobreviva e a mantenha viva e bem alimentada. Sob o ponto de vista de quem pára confortavelmente no trânsito e observa o que essas mulheres pedintes são capazes de fazer, Anna também desenvolve uma lógica irracional, constituindo uma rotina para o filho que contraria totalmente as regras de uma educação feliz e saudável, chegando mesmo a crer que a felicidade de que dizem por aí é só uma sensação de felicidade, ...“feliz mesmo é quem consegue tocar a Passionata de Bethoven, a Rapsódia Húngara de Liszt, Villa lobos, Rachmaninoff”...

É considerada louca, perde temporariamente a guarda do filho. E como outros “loucos” da história, de outros tempos, que tiveram outros destinos, como o pai do Bethoven que bêbado batia no filho para ele tocar, ou o de Mendelssohn, o de Erich Korngold que transformaram seus filhos em crianças prodígio, Anna vê na música, não só a possibilidade de viver concretamente neste mundo, mas, a mais contundente e eficaz oportunidade de ser, de sentir e existir para além deste tempo.



Ao longo do monólogo, executado pela atriz, um pianista tocará obras do repertório erudito como Scriabin Estudos Op. 2, n 1, Op. 8, n12; Rachmaninoff, Preludio em sol menor – Op.23, n 5;Liszt – Rapsódia Húngara , n11; Satie - Trois Gymnopédies. São obras que, mesmo aos  não amantes do estilo, difícil é sair ileso ao ouví-las ao vivo em função do virtuosismo e da grandeza dessas criações.

A escolha dessas obras e do tipo de pianista, virtuoso e carismático, é para que o público compreenda sensorialmente essa mulher, fazendo da música esse canal, por onde o público  percorre e embarca nas lembranças e questões a personagem.

Apesar de pessoal, a experiência com música, em geral é significativa, por isso Anna  mostra o filho tocando, para sensibilizar o público e atingir o seu objetivo, dinheiro. Através só do discurso,  talvez ela não fosse tão bem sucedida.



Atores: Daniel Grajew e Lorena Lobato
Texto/Argumento: Lorena Lobato

Lorena Lobato tem formação em artes cênicas, música e dança. 
Daniel Grajew é músico, arranjador e compositor


Atração dos dias 07/08 e 08/08 - "Foi Carmen" - (Grupo de Teatro Macunaíma & Centro de Pesquisa Teatral do SESC)

            A morte de Carmen Miranda, em 1955, cobriu o Brasil de luto. Passados 50 anos, a cantora continua presente, seja pelas regravações de seus discos, pelos livros que a colocam como tema central do trabalho, pelos velhos filmes reprisados e mesmo em exposições e mostras de artes plásticas e de moda cujo tema remete-se à extravagância exuberante dos trajes que compuseram o visual de sua personagem. E a eternizaram. Espera-se para este ano uma série de homenagens lembrando a Pequena Notável, que depois de um sucesso fulminante no Brasil, tomou um navio e foi brilhar nos Estados Unidos, onde desenvolveu sua carreira de atriz, sem deixar de lado a marca registrada das altas sandálias, dos turbantes e balangandãs. Conquistou tão profundamente os americanos que horas antes de morrer, ainda participou de um dos programas de maior audiência do país. Uma das primeiras homenagens dos 50 anos acontece com a montagem de “Foi Carmen Miranda”, concepção delicada e carinhosa de Antunes Filho desenvolvida para lembrar a estrela. A montagem teve sua estréia nacional no Festival de Teatro de Curitiba e depois foi apresentada no Japão, para o mestre do Butô, Kazuo Ohno.
             Por tudo isso, pode-se dizer que este espetáculo tem uma visão muito particular e delicada, sem entrar em questões sociopolíticas adjacentes à artista. Nesse sentido, essa Carmen será sempre a do significado arquetípico: do herói que sai de sua terra, atravessando fronteiras, além-mar, para vencer em outras terras. O herói - homens brasileiros como Pelé, Fittipaldi, Senna a te mesmo Tom Jobim – que re-aparece, com seu olhar, seu gesto, sua dança, seu canto arcaico, sua vestimenta própria para a celebração, manifestando e re-vivendo o mito de uma essência quase esquecida, re-memorado no rito de hoje.
  
Elenco:                       Mariah Teixeira -         a Menina
                                   Lee Taylor  -              o Malandro
                                   Emilie Sugai    -          a que foi Carmen Miranda
                                   Patrícia Carvalho -      a Passista


Concepção e Direção:  Antunes Filho
Assistente de Direção:  Michelle Boesche
Trilha Sonora:  Raul Teixeira
Operador de Som:  Michelle Boesche
Iluminação:  Davi de Brito
Operação de Luz:  Danilo Costa
Figurinos e Adereços:  Jc Serroni
Assistente:  Juliana Fernandes e Rosângela Ribeiro
Restauração:  Rosângela Ribeiro


Duração: 50 minutos
Idade: 14 anos


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Inspiração


A arte de divulgação deste ano tem como inspiração o retrato de Jean Cocteau fotografado por Man Ray (acima). 

Arte e foto por Paolo Ridolfi.