terça-feira, 5 de novembro de 2013

Atração dos dias 11, 12 e 13/11 - "Peep Classic Ésquilo" (Club Noir/SP)

        



Dia 11/11 – segunda-feira

20h30
“Peep Classic Ésquilo” (Club Noir / SP)
"As suplicantes" e "Os persas"

Dia 12/11 – terça-feira

20h30
“Peep Classic Ésquilo” (Club Noir / SP)
"Orestéia I" e "Orestéia II"


Dia 13/11 – quarta-feira

20h30
“Peep Classic Ésquilo” (Club Noir / SP)
"Sete contra Tebas" e "Prometeu"


Local: Teatro Barracão
Recomendação etária: 16 anos
Duração: 60 minutos
Entrada franca
Retirar ingressos 1h antes na bilheteria do teatro


A renomada companhia paulista Club Noir cumpre edital de circulação pelo Programa Petrobras Distribuidora de Cultura 2013-2014. Dentre as cidades escolhidas pelo grupo estão Londrina e Maringá, onde realizam apresentações gratuitas de 8 a 13 de novembro na programação da 3ª Mostra de Teatro Contemporâneo.

Serão apresentadas duas tragédias por dia, totalizando seis tragédias. É a primeira vez (no Brasil e também no âmbito internacional) que uma companhia encena todas as obras de Ésquilo, considerado por muitos o primeiro autor da história do teatro.


Sobre o projeto PEEP CLASSIC ÉSQUILO:

A dramaturgia de Ésquilo como reinvenção do homem e do teatro: uma nova abordagem das primeiras peças (de que temos registro) escritas na história do teatro. Ésquilo as criou e encenou na Grécia do século V a.C. e agora elas chegam a público de um modo surpreendente, que potencializa radicalmente a pesquisa da companhia. Todas as obras serão encenadas dentro de um cubo formado por linhas metálicas, sem trilha sonora alguma, explorando as inúmeras modulações e texturas das vozes dos atores e tendo como iluminação apenas uma única lâmpada fluorescente, que delineia tenuemente a imobilidade das figuras em cena.

Tudo isto visa fazer eclodir, destes antigos textos, toda a potência de gráficos de forças que se constituem como alteridades em relação ao que chamamos, hoje, de vida humana. As peças instauram-se como estranhas paisagens em imobilidade-móvel (os atores estão estáticos no espaço, mas estão muito velozes no tempo, através dos trânsitos entre distintos planos vocais), em uma topografia de diferentes intensidades, instáveis, habitadas por outros moldes arquetípicos, desenhados em outras arquiteturas linguísticas, configurando uma experienciação insuspeitada de alteridades radicais. A linguagem como força criadora de mundos: as palavras são como sementes, capazes de gerar sensações e imagens inclassificáveis no imaginário de cada espectador. 
  
O projeto PEEP CLASSIC ÉSQUILO pretende proporcionar ao público uma experienciação estética imprevisível e autônoma, através do diálogo com obras de arte que se localizam fora de qualquer tempo específico ou contexto cultural. As peças se relacionam com forças inconscientes, indizíveis, forças capazes de desencadear processos sensíveis polissêmicos e perturbadores em cada espectador – novas possibilidades de vivenciarmos o tempo, o espaço, a linguagem, a condição humana. 

Encaramos o autor destas peças (para além de sua localização histórica) como o criador de uma Poética fundante, de um teatro que não se configura como um espelho do mundo, mas que se instaura como uma insuspeitada tecelagem: criador de uma rede de fios engendrados por outros modos de subjetivação, por sensações e imagens e construções que são da ordem do inominável, posto que se localizam fora da cartografia reconhecível de nossa cultura global contemporânea. Não nos reconheceremos – nem a nós, nem ao nosso mundo – nestas obras; o que veremos aqui são outras possibilidades: outros mundos, habitados por outras formas de vida.

A alteridade estética das obras de Ésquilo instaura outra possibilidade do humano, promovendo transubstanciações dos sentidos unívocos (vocação primeira da palavra polissêmica grega) e revolução nos signos, através da abertura e expansão de um espaço/tempo poético, habitado por outros usos da linguagem.

Nestas tragédias, o que importa não é o contexto cultural/ficção/fábula que dita a ideia de um espaço/tempo-fixo-datado, mas sim a proposição intensa de uma estranha topografia de sensações e experiências que se nos afiguram como a presentificação brutal de outros modos de subjetivação – nos levando a redefinirmos a maneira estagnada e banalmente limitadora como a cultura de massa desenha hoje o ser humano.


Não se trata, nestas obras, de entendimento (compreensão unívoca da narrativa, objetificação do sujeito e esclarecimento acerca de suas motivações), mas sim de produção e experienciação de intensidades desestabilizadoras, através da força de palavras que criam tempos e espaços. Produção de intensidades: produção de diferentes espécies de intensidade; em termos de estratégia de construção cênica, a produção de intensidades é o avesso do sistema linear acumulativo. Trata-se, aqui, do traço e do apagamento imprevisíveis de pontos de fuga. Isto afeta profundamente nossa percepção do tempo (por mythos, entendemos não a narrativa, mas sim o gráfico específico de forças (intensidades) desencadeadas na experienciação destas obras.




Palavras de Roberto Alvim sobre o projeto

Diz o diretor e adaptador Roberto Alvim: “Encontrar, em uma extrema redução, a abertura de um novo campo de possibilidades: o nosso campo de atuação nestas obras. E, graças a este poder de concentração, promover um estranho movimento de expansão – expandir poeticamente (isto é, nos registros da polissemia e da diferença)”.

“É incrível como estas peças promovem uma experienciação seca, árida, mas poderosa de uma estranha maneira, até então desconhecida, em trânsitos permanentes entre diferentes intensidades, e que nos deixa sem nada nas mãos ao final (não há síntese apaziguadora ou moralizante ou catártica de nenhuma espécie; só o que nos é proporcionado é uma experienciação no limite da redução, arcaica e da ordem da alteridade ao mesmo tempo, uma vivência estética primária, que sempre foi atenuada por idealizações ou por iconoclastias ao longo da história, mas que agora é servida aos ossos”.

“E a coisa toda não tem nada a ver com catarses ou sistemas coercitivos...Trata-se de uma experienciação muito próxima da literatura, em seu apelo pela expansão do imaginário do receptor, mas que se coloca de modo mais poderoso que a experiência literária por sua estranha modelação biofísica do tempo/espaço”.

“Nosso trabalho com as tragédias é o paroxismo desta nossa pesquisa, que vai na contracorrente de todas as facilidades (da ordem da significação por semelhança) e profusões de ícones em que se transformou a visualidade contemporânea. As obras são, em si mesmas, uma educação pela cena, mudando completamente o olhar daqueles que com elas entrarem em contato.”
“O ponto é que a dita ‘função catártica’ das tragédias é apenas a visão de Aristóteles acerca das tragédias (isto é, é a interpretação de um crítico acerca do sentido do fenômeno trágico). O que percebemos é que as tragédias nunca tiveram como função provocar catarse alguma... As tragédias de Ésquilo são a instauração poética de vertiginosos gráficos de forças de diferentes intensidades, em estranhas paisagens espaço-temporais, que inauguram uma visão heraclítica (pré-socrática) da vida, da ordem da alteridade radical em relação a nossa forma de entendermos e vivenciarmos nossa humanidade”.



Ficha Técnica

Gênero: Tragédia
Dramaturgia original: Ésquilo
Direção e adaptação: Roberto Alvim
Com os atores da Cia Club Noir: Juliana Galdino, Paula Spinelli, Gabriela Ramos, Martina Gallarza, Bruno Ribeiro, Fernando Gimenes, Marcelo Rorato, Renato Forner e Ricardo Grasson
Direção de Produção: Juliana Galdino
Produção Executiva: Danielle Cabral
Produtor de Operações: Marcelo Rorato
Cenário e iluminação: Roberto Alvim
Figurinos: Juliana Galdino
Fotografias: Julieta Bacchin
Arte gráfica: Felipe Uchôa
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 16 anos
Produção Local: Rumo Empreendimentos Culturais
Promoção Exclusiva: SESI PR, Gazeta do Povo, Clube do Assinante e Rádio Lumen FM



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