segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Atração do dia 15/08 - “Ocorrências” (Wellington Duarte-Luiz Päetow/SP)



Solo do bailarino Wellington Duarte, espetáculo de dança contemporânea, é a primeira direção em dança de Luiz Päetow, que encontra afinidades com o pensamento do filósofo, crítico e poeta francês Maurice Blanchot.
Contemplado pela Lei de Fomento à Dança da Cidade de São Paulo, OCORRÊNCIAS dá continuidade ao estudo-pesquisa de um pensamento de corpo que vem sendo construído pelo bailarino Wellington Duarte desde 1995, através de experiências e parcerias com diversos artistas, cujo foco de ação é a busca por uma corporalidade singular na construção cênica em dança. Agora, agrega o ator, diretor e dramaturgo Luiz Päetow, cuja parceria se dá pela total afinidade com a radicalidade de seu pensamento estético”, conta Wellington.
  Criador das primeiras versões de Prêt-à-Porter, projeto reconhecido na cena teatral paulista do diretor Antunes Filho, o ator, diretor e dramaturgo Luiz Päetow estreia como diretor de um espetáculo de dança. OCORRÊNCIAS, solo do bailarino Wellington Duarte. 



Pluralidade de caminhos
Em sua trajetória particular, Wellington Duarte promoveu um fazer-dizer do corpo, formulou questões no e pelo corpo, e construiu caminhos e qualidades corporais que vão além de  temas pontuais.  Este contínuo fazer tem elaborado algo mais físico organizado pensamentos e questões no corpo. Seu modo de processar suas criações encontra afinidades com pensamento do filósofo, crítico e poeta francês Maurice Blanchot, para quem um método é etimologicamente uma via, um caminho ou uma pluralidade de caminhos.
 “Segundo Blanchot, deve-se à experiência da criação a revelação de uma abertura que nunca se concretiza completamente: o caminho do artista se faz através de um movimento infinito em direção à Obra. O que não quer dizer que seja mera flutuação vã, mas sim que se comprometa com a permanente necessidade de investigação, de reinterpretação, de ação por vir. Assim, cada criação é um passo permanente em direção ao que não se deixa constituir enquanto tal, apenas desdobramentos”, explica o bailarino.






 Anarquia de movimentos
Para o diretor Luiz Päetow, OCORRÊNCIAS investiga a potência do desastre da cena, com os movimentos do corpo ressoando uma reflexão anárquica, uma sucessão de interferências invadindo o tempo e sendo invadidas pelo espaço. “O espetáculo não possui molduras narrativas, mas sim uma paisagem de movimentos insuspeitos e infinitos em direção à obra: nosso corpo, um boletim de ocorrências ambulante”, esclarece ele.

O diretor conta que no espetáculo o público poderá  ver o embate de movimentos, livres de uma personificação. “O corpo, sempre em deslocamento e sem repouso, é a matéria prima para os movimentos que não se completam e não possuem uma trajetória linear”, comenta Päetow. Uma vez que a obra não tem como ponto de partida um tema definido anteriormente, as demais materialidades que compõem OCORRÊNCIAS  espaço-luz-som –, nascem da íntima relação com os conceitos norteadores da pesquisa corporal, ou seja, as constantes provocações e  contaminações.

Luz e som
Vencedor do Prêmio Shell 2009 de iluminação pelo espetáculo Music-Hall, Päetow volta a criar novos mecanismos de iluminação para OCORRÊNCIAS. Serão cinco faixas deleds que se movimentarão pelo palco conforme os passos de Wellington, tudo feito artesanalmente e operado pelo próprio Päetow.
 Para a trilha sonora, Päetow criou uma música de ruídos e interferências sonoras que chegarão ao público por meio de cinco pontos distribuídos no palco e plateia. Figuram barulhos de objetos e aparelhos domésticos, e até trechos de um canto de Alessandro Moreschi, considerado o último “castrato” da história. “A ideia é oferecer ao público o acesso a uma zona de texturas, em perpétuo acidente. Tanto a luz quanto o som perfuram os movimentos corporais do Wellington. Os espectadores, então, como testemunhas, realizarão a última ocorrência.”



Sobre Wellington Duarte
Atua como dançarino, ator e performer. Principais trabalhos: Rútilo Nada, concepção e interpretação Donizeti Mazonas e Wellinton Duarte, direção de Daniel Fagundes (2009);Torso+Oco, concepção Wellington Duarte, direção de Donizeti Mazonas (2009); Por que Tenho Essa Forma?, direção de Zélia Monteiro, com o Núcleo de Improvisação (2009); Récita...de Um Movimento Só, concepção e direção de Wellington Duarte e Donizeti  Mazonas (2007/ 2008); Ascese – Pequeno Tratado sobre o Abismo ou O Jardim das Rochas, a partir da obra de Nikos Kazantzakis com pesquisa coreográfica de Zélia Monteiro e Wellington Duarte (2007/ 2006); performance Quadris de homem = carne/mulher = carne, da artista plástica Laura Lima, na exposição do Itaú Cultural O Corpo na Arte Contemporânea Brasileira (2005); performance dirigida pelo diretor e coreógrafo japonês Hiroyshi Koyke, apresentada no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo (2004) e Confraria Desnaturada, continuação da pesquisa inspirada na obra de Arthur Omar (2003/ 2004). Em 2001/ 2002 participou como bailarino, cantor e ator de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões (primeira versão por Iakov Hilel e segunda versão por Márcio Aurélio), com apresentações internacionais em Lisboa e no Festival Internacional da Cidade de Porto, em Portugal. Foi premiado com a Bolsa Vitae de Dança 1999, com a pesquisa do espetáculo Confraria Desnaturada, e participou da Cia Nova Dança com o espetáculo Da Sacada Tudo Passa a Ser Evento, com direção de Adriana Grechi, premiado com a Bolsa Vitae (1997). Também dirigiu e atuou em Tragédia Brasileira, espetáculo de dança-teatro baseado na obra homônima de Manuel Bandeira, sendo contemplado com a Bolsa Rede Stagium.




 Sobre Luiz Päetow
Ator, diretor e dramaturgo. Criador das primeiras versões de Prêt-à-Porter, projeto vencedor do Prêmio Shell, no Centro de Pesquisa Teatral-SESC, onde implantou o Círculo de Dramaturgia e trabalhou como ator e assistente de direção de Antunes Filho no espetáculo Fragmentos Troianos, premiado com o Shell e o APCA de melhor direção, excursionando pela Turquia e Japão em 1999. Fez também assistência de direção para Daniela Thomas no espetáculo Da Gaivota, com Fernanda Montenegro, Fernanda Torres e Antonio Abujamra. Em 2000, estreou sua primeira direção geral com a ópera The Fairy Queen, de Henry Purcell, apresentada no Teatro SESC-Anchieta. Protagonizou os espetáculos Leonce & Lena, de Georg Büchner, dirigido por Gabriel Villela; 4.48 Psicose, de Sarah Kane, por Nelson de Sá;  Palavras & Música e Cascando, de Samuel Beckett, por Rubens Rusche. Sempre com o foco na liberdade e radicalidade de expressões, vem desenvolvendo uma obra extremamente singular. Em 2006, criou o monólogo Peças, sua tradução para texto inédito de Gertrude Stein, com encenação de Marcio Aurelio, no Teatro Faap e abrindo temporadas em vários teatros e festivais. Em 2009, assinou direção, tradução, cenário e a iluminação para Music-Hall de Jean-Luc Lagarce, pela qual recebeu o Prêmio Shell de Teatro. Em 2010, realizou seu segundo solo, Abracadabra, com encenação, produção e dramaturgia próprias, indicado ao Prêmio Shell, apresentado no Teatro Sesc-Anchieta e em diversos teatros e festivais internacionais. Em 2011, lançou o terceiro solo, Ex-Máquinas, com sua autoria e direção geral, no Teatro Faap. Atualmente, está ensaiando Der Hausierer, um espetáculo alemão em Berlim com estreia marcada para o final de 2012, e preparando em São Paulo a estreia de TAETER, um projeto autoral com residência artística no Teatro da Memória - Instituto Cultural Capobianco, constituído por diversos solos, previsto para julho de 2012.

Ficha Técnica:
Concepção e Interpretação – Wellington Duarte. Direção Geral – Luiz Päetow.   Dramaturgia Corporal – Vera Sala. Cenografia, Iluminação e Música – Luiz Päetow. Fotografia – Silvia Machado. Produção Executiva – Vanessa Lopes/ Independente produção e arte. Assistente de Produção – Fernanda Perniciotti. Realização – Núcleo Entretanto da Cooperativa Paulista de Teatro. Duração – 50 minutos. Espetáculo recomendado para maiores de 14 anos. 


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