Foto: Ignes Arigoni |
Espetáculo-solo
do ator, diretor e dramaturgo Luiz Päetow, vencedor do Prêmio Shell por Music-Hall
em 2010 e indicado por Abracadabra em 2011. Peças foi
concebido originalmente pelo ator em 2005, marcando assim sua estreia na criação
de monólogos performáticos: Peças, Cabeça de Medusa, Calando,
Abracadabra, Ex-Máquinas e o mais recente Taeter.
para que contar uma história
já que já há jazigos de histórias
A obra é resultante de sua extensa pesquisa sobre a poética,
absolutamente fora dos padrões, da artista norte-americana Gertrude Stein, 1874–1946, reconhecida mundialmente por detonar as
mais importantes vanguardas, influenciando de Samuel Beckett a Hélio Oiticica,
de Robert Wilson a Marina Abramovic. Dentre seus inúmeros textos, Päetow
escolheu traduzir ao palco uma de suas palestras mais obscuras, escrita em
1934, publicada apenas postumamente e, até hoje, nunca havia sido encenada. A
partir desta conferência, agora considerada um verdadeiro tratado sobre a performance,
o espetáculo oferece uma meditação sobre o palco da vida em busca da essência
teatral.
Um fluxo de raciocínio, nitidamente cubista, traduzido
apenas através do corpo e da voz de Päetow. Os questionamentos provenientes
destes choques cênicos impulsionam uma reavaliação de todo julgamento estético
vigente. Enquanto muitos artistas, geralmente, saem pela tangente com uma ilusória
releitura de velhos conceitos e regras, Gertrude Stein sempre cantou na contramão,
discutindo os materiais de construção da gramática humana, soltando faíscas a
partir de elementos primários, inusitados.
Foto: Jorge Etecheber |
Nas palavras do crítico Antonio Hildebrando: “Radical,
sem concessões, o espetáculo PEÇAS corporifica no ator o desejo da autora,
ainda buscado por muitos. Gertrude Stein invocava e tentava criar um teatro que
fosse ‘atemporal’ ou ‘perpetuamente presente’. Esse teatro rejeitava preocupações
tradicionais como crise-clímax, começo-meio-fim, prefiguração, desenvolvimento
de personagens e intriga, em favor de um fluxo de existência. O espectador não
tentará adentrar o mundo emocional de um drama desses; apenas o observará como
observaria uma paisagem que estivesse simplesmente diante dos seus olhos.”
A invenção de
uma experiência teatral deve ser mais urgente do que a mera representação de um
evento ou a organização de uma história. Nossa mente é um teatro de
possibilidades simultâneas, que investiga a si e aos outros espectadores para
recriar a emoção. Logo, nossa mente é um campo a ser cultivado. E nesta peça-paisagem,
o ator incorpora um inquisidor da nossa percepção. Será que a visão e o som têm
relação com a emoção e o tempo? Qual será o papel da memória em uma ação? Um alerta para a responsabilidade da sensibilidade. O
espetáculo joga com o ator saltando de ensaísta para intérprete, de fonte para
veículo, de palestra para drama, da arte para ser humano.
a
arte nasce quando morre a imitação
Päetow traduziu várias outras obras de Gertrude Stein: Gosto
que isso seja uma peça de 1916,
Um Exercício em Análise de 1917, O Rei ou Decorei (O Público é convidado
a dançar) de 1917, Fotografia de 1920, Me Ouçam de 1936, Parto
para a busca íon da eudentidade de 1938 e os poemas do livro Stanzas em
Meditação de 1929-1933. Em 2006, ele produziu o Ciclo Gertrude Stein
no SESC Pinheiros em SP, composto por uma série de encontros, onde encenou
performances de peças e contou com a participação de alguns palestrantes.
Vale ressaltar
que a encenação se mantém em perpétua construção. A cada novo espaço em que se
apresenta, Päetow recria o desenho das cenas. Na primeira montagem em 2005, ele
havia convidado o premiado encenador Marcio Aurelio (Agreste com a Cia
Razões Inversas, Desassossego com Marilena Ansaldi) para assinar a direção.
Então, ao longo dos anos e das várias temporadas, a obra vem sendo livremente
transformada, de modo a permitir ao espectador um outro caminho de sensibilização,
graças a uma dramaturgia primordial, fincada na emissão da voz e nas potências
do corpo.
Segundo a crítica
Beth Néspoli,
no jornal O Estado de S.Paulo: “instigante solo de Luiz Päetow, como uma
tela cubista.”
Foto: Érica Campos |
Histórico do espetáculo
Realizou sua primeira apresentação no evento de
inauguração do Teatro SESC-Santana em outubro de 2005. Realizou sua primeira
temporada em 2006 no Teatro FAAP e, depois, no Teatro Oficina. Na sequência,
foi convidado a participar do Festival Internacional de Teatro de São José do
Rio Preto e do Festival Internacional de Teatro de Porto Alegre. Em 2008,
realizou uma nova temporada no Teatro Coletivo em SP e, em seguida, uma longa
temporada no Teatro Ágora. Em 2011, reestreou novamente no Teatro FAAP. Em
2012, foi convidado a participar da Mostra de Teatro Contemporâneo em Maringá.
Ficha técnica
título PEÇAS
criação produção
encenação atuação Luiz Päetow
dramaturgia a partir de texto de Gertrude Stein
duração 70 minutos
indicação 16 anos
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