quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Ideias em movimento

Wellington Duarte em Ocorrências / foto: Silvia Machado

Exercício crítico por Karla Morelli

É numa tensão total que se inicia o espetáculo Ocorrências, com o dançarino Wellington Duarte (SP), sendo dirigido por Luiz Päetow. Quem é claustofóbrico não consegue acompanhar a desempenho até o fim, pois grande parte da encenação se dá no escuro. Ao entrar no teatro já se percebem as características do diretor, que sempre inova e surpreende a quem assiste aos seus trabalhos.

As cadeiras desordenadas e a meia-luz do teatro deixam o espectador pensativo em relação ao que irá acontecer naquele espaço. Após todos se acomodarem, a luz se apaga e começa os barulhos e grunhidos da trilha sonora unindo-se às performances do dançarino no palco. Ora a luz se apaga, ora acende num tempo descoordenado e impreciso.

O espetáculo mostra várias ocorrências da personagem, e faz com que quem assiste fique ansioso em relação aos próximos acontecimentos. Há uma tensão, pois a dança é desconstruída e fica assim em toda a encenação, criando um cansaço físico e mental no espectador. Päetow soube, assim como em Abracadabra, tirar o conforto do público e incomodá-lo até que saía de seu lugar e vá embora. Somente os persistentes (ou sobreviventes) superam a peça por inteiro.

Por meio do teatro, o diretor expressa as ideias, fazendo com que o espectador pense, reflita e tente atribuir uma identidade ao dançarino que se torce e retorce em movimentos simultâneos no palco.

Karla Morelli é aluna não-regular de mestrado em letras na UEM e pós-graduanda em Arte e Educação pelo Instituto Paranaense de Ensino (IPE). Integrante e pesquisadora da Cia. Manipulando Teatro de Animações.

(Texto escrito como exercício da oficina Cultura da Crítica, no âmbito da Mostra de Teatro Contemporâneo. Não possui caráter valorativo).

Nenhum comentário:

Postar um comentário