quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Cada um, cada qual


Isabel , Cristiano e Mariana em Balaio / foto: Rafael Saes

Exercício cênico por Karla Morelli

Assim como um balaio que se é utilizado para carregar o mantimento, cada ato da peça Balaio (Grupo Balaio, SP) é composto de informações, lembranças e conhecimentos internos que cada personagem apresenta. É como se cada um fosse um balaio e que dentro dele carrega suas bagagens de experiências.

Balaio é composto de três atos, sendo que o primeiro aborda a figura de pai, na qual cada personagem narra a sua experiência sobre seu pai. Nota-se que há um distanciamento da figura paterna em cada texto narrado. No segundo ato, há a encenação de uma colombina, interpretada pela atriz Stella Prata, que comete um assassinato. Percebe-se que esta possui um grau de loucura.

No último, têm-se duas histórias paralelas, interpretadas pelas atrizes Camila Turim e Nathália Côrrea, narradas com objetos que invadem os sentidos de cada espectador. Neste ato, uma das personagens narra a história fazendo o uso de uma cebola, enquanto a outra usa coraçõezinhos de frango. Há um momento de tensão, pois a plateia fica pensativa em relação aos objetos e com o medo da personagem arremessar os órgãos da galinha pelos ares. Esses órgãos são utilizados com a ideia de impressionar e incomodar o espectador, quanto a isso a companhia acertou em cheio.

Cada ato se enquadra e foca em um tema específico, mostrando que cada um age de maneira diferente em determinado momento de vida e que cada qual possui uma história interna que pode ser exteriorizada através da fala.

Sendo fruto de uma pesquisa estética nascida no Centro de Pesquisa Teatral (CPT), coordenado pelo diretor Antunes Filho, a peça procura mostrar as experiências de cada personagem focando na individualidade do ser atual.

Para que se haja um entendimento, seria necessário que os atores, após a peça, comentassem cada cena, qual foi a ideia dessa e porque esta lhe foi atribuída, pois quem não lê a sinopse fica perdido em relação a qual mensagem a peça quis atribuir. Talvez essa seja a ideia do Grupo Balaio, pelo fato de que se trata de uma peça contemporânea, cada um deve retirar suas próprias conclusões ao que foi exposto.

O mais estranho foi que a peça terminou e todos da plateia ficaram sentados sem saber que reação tomar. Os integrantes do grupo não se apresentaram e ficaram perdidos no palco sem saber o que deveria ser feito. Pode ser que falta entrosamento entre os atores e estes não decidiram como deveriam agir depois dos aplausos. Somente uma das atrizes do último ato ficou no palco, sorrindo para todos, chamando os colegas e sem saber o que fazer. Talvez nas próximas apresentações, o grupo saiba qual posição deve tomar ao finalizar-se uma peça.

Karla Morelli é aluna não-regular de mestrado em letras na UEM e pós-graduanda em Arte e Educação pelo Instituto Paranaense de Ensino (IPE). Integrante e pesquisadora da Cia. Manipulando Teatro de Animações.

(Texto escrito como exercício da oficina Cultura da Crítica, no âmbito da Mostra de Teatro Contemporâneo. Não possui caráter valorativo).

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