segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Atração dos dias 22 e 23/08 - "Quem Não Sabe Mais Quem É, O Que É e Onde Está, Precisa Se Mexer" (Cia. São Jorge de Variedades/SP)


    
      Espetáculo criado em 2009 num projeto apoiado pela Lei Municipal de Fomento ao Teatro da cidade de São Paulo, “Quem Não Sabe,...” recebeu o Prêmio Shell na Categoria Especial por sua pesquisa e criação  e foi eleito a  “Melhor Estréia Teatral de São Paulo em 2009” pelo jornal Folha de São Paulo. Após três bem sucedidas temporadas na Barra Funda, em São Paulo, o espetáculo circulou pelo Brasil apresentando-se  em festivais (FIT Rio Preto – S. José do Rio Preto, Tempo Festival das Artes - Rio de Janeiro, Festival Nacional de Teatro da cidade do Recife e FIAC Bahia – Salvador).   Em 2011, o espetáculo recebeu o Prêmio Funarte Myriam Muniz de Circulação de espetáculos, realizando 10 apresentações em diversas cidades do Norte do Brasil. Em seguida, o espetáculo foi contemplado pelo projeto Ocupação Caixa Cultural,realizando temporada nas cidades do Rio de Janeiro e Brasília. Em 2012 o espetáculo viaja á Europa se apresentando á convite de 02 importantes Festivais Internacionais de Teatro de Portugal  o 35° FITEI 2012 (Porto x Guimarães) e a MOSTRA SÃO PALCO (Coimbra).


Sucesso de público e crítica, depois de mexer com as ruas do bairro da Barra Funda, em São Paulo e circular por diversos festivais Nacionais e Internacionais de Teatro, o espetáculo QUEM NÃO SABE MAIS QUEM É, O QUE É E ONDE ESTÁ, PRECISA SE MEXER chega a Maringá.  Com direção de Georgette Fadel, a peça ganhou forma a partir da pesquisa e improvisação sobre o universo de Heiner Müller. As peças do autor alemão, suas entrevistas e a intensidade de seu discurso são elementos que dão o tom ao espetáculo.

Em pouco mais de uma hora de peça, três atores: Mariana Senne, Marcelo Reis e Patrícia Gifford transformam o discurso de Heiner Müller em situações muito próximas do público. A direção musical de Luiz Gayotto também transforma algumas partes densas dos textos em imagens sonoras. Para Georgette Fadel, que assina a quarta direção na Cia, a poesia de Müller encantou todos os integrantes. “A simpatia foi imediata, principalmente por ele ser considerado o herdeiro e interlocutor de Brecht, por quem somos apaixonados”, conta a diretora.

Intervenção Permanente
A ação de QUEM NÃO SABE MAIS QUEM É, O QUE É E ONDE ESTÁ, PRECISA SE MEXER começa na rua, onde os três atores se encontram e levam o público até a lúdica e bem elaborada cenografia de Rogério Tarifa, um apartamento, ou melhor, um “aparelho revolucionário”. "Buscamos criar, de maneira metafórica, num apartamento, nossos mecanismos cotidianos, seus aspectos positivos e negativos e tentamos revelar alguns mitos e forças que permeiam nossa rebeldia, tédio e esperança de um mundo melhor", completa Georgette Fadel.

Complexo, mas acessível
Nos últimos 14 anos a Cia São Jorge de Variedades vem fazendo encenações e incursões em lugares alternativos: como albergues e a própria rua, absorvendo os personagens do local em suas encenações. Agora, é a vez do mais polêmico dramaturgo da pós-modernidade, o alemão Heiner Müller, considerado o herdeiro de Antonin Artaud e Bertolt Brecht. "Heiner Müller é complexo, mas colocado sob olhar simples, com jogo cênico, torna-se acessível", diz a diretora, “ele coloca nos textos o amargo de revoluções, explicitando a complexidade de nossos vícios e o contemporâneo de nossas frustrações, em textos muitas vezes jogados ao público como uma metralhadora.”

Georgette continua: “Sabemos que a revolução não foi fracassada e sim reprimida! Rosa Luxemburgo, por exemplo, foi brutalmente assassinada e jogada em um rio. Nossa geração, ou parte dela, cresceu ouvindo falar do fracasso da Revolução, o fracasso do sonho, alimentada pelas idéias de inutilidade e incapacidade de se lutar por algo, aliada a falta de sentido da vida. Fizeram-nos acreditar nisso e grande parte de nossos dias passamos tentando recuperar a certeza de que somos fortes e as coisas podem ser e serão transformadas. Nessa nova montagem a São Jorge se coloca dentro de um apartamento e pinta então, com lentes de aumento, o auto-retrato bem humorado, mas cruel. Temos  energia, vontade e clareza, mas estamos deslocados do centro da ação, presos nos muitos apartamentos. Do jeito certo, mas na hora errada e na hora certa, porém no lugar errado.”


HISTORICO DA COMPANHIA
Projeto coletivo, criado em 1998, com integrantes da Escola de Arte Dramática e da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (EAD/ECA-USP). O grupo desde sua origem , visa estabelecer por meio de investigações permanentes, um processo de lapidação da cena bruta, utilizando-se de artifícios e procedimentos simples e artesanais. Caracterizado pela diversidade de linguagem como reflexo de seu modo de produzir, transitam por uma intensa pesquisa de espaço (fechados e abertos), musical, de maneiras de se relacionar com a platéia e de criação dramatúrgica. A dramaturgia tem como tema principal a discussão de questões éticas inerentes à diversidade e os paradoxos da cultura brasileira, desde sua formação, da colonização à contemporaneidade.

Nesses 14 anos de existência, a realização dos projetos de pesquisa e montagem de espetáculos, foi possível em sua maioria, devido ao aporte financeiro de editais/prêmios de artes cênicas das esferas Municipal, Estadual e Federal do Brasil. Os trabalhos se desenvolveram numa primeira fase em projetos de ocupação de espaços públicos e/ou culturais  e a partir de 2007 se desenvolvem na sede do grupo,no Bairro da Barra Funda, em São Paulo.

QUEM NÃO SABE MAIS QUEM É, O QUE É E ONDE ESTÁ, PRECISA SE MEXER
Criação e Dramaturgia – Cia São Jorge de Variedades a partir da obra de Heiner Müller. Direção – Georgette Fadel. Elenco – Marcelo Reis, Mariana Senne e Patrícia Gifford. Assistente de Direção – Paula Klein. Direção de Arte – Rogério Tarifa. Direção Musical – Luiz Gayotto .Direção de Produção e Administração – Carla Estefan. Cenotécnico e Contrarregras – Glauber Pereira. Operação de Luz – Rodrigo Ramos. Assistentes de Produção – Isabel Soares e Ademir Pereira. Colaboração – Andre Capuano. Duração – 90 minutos. Espetáculo recomendável para maiores de 16 anos. 


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