Carmen Miranda, a mais brasileira das portuguesas e a
pequena, para sempre notável, é um misto incomum de cantora, bailarina,
coreógrafa, atriz, que, se viva hoje, seria sem sombras de dúvidas considerada
uma das maiores performers do mundo.
As suas atitudes e os seus gestos tornaram-se tão arquetípicos que ela foi
eleita como musa inspiradora nos mais variados universos: no carnaval, na
criação de vestimentas, em bailes e bandas gays, pelos travestis, por cantoras
e dançarinas, um ícone, assim sendo, sem precedentes no mundo artístico
brasileiro até então. Suas características eram tão pessoais e únicas, que
bastaram seis minutos para ela se tornar um dos ícones da Broadway nos anos 40.
Por outro lado, Carmen não foi a única a triunfar na
Broadway na primeira noite. Muitos já conseguiram. Porém, triunfar, cantando
num idioma quase desconhecido, é uma façanha surpreendente. A crítica - do dia
seguinte ao show - salientava exatamente esse aspecto. Dizia que ela falava com
o corpo, com as mãos, eletrizando com gestos graciosos a platéia, que só
percebia as três últimas palavras da canção South American Way. As letras das
outras músicas, cantadas com extrema rapidez em forma de pot-pourri, eram
incompreensíveis, mas apenas esse detalhe, ou certamente por causa dele, o
êxito de Carmen foi absoluto, além de servir para evidenciar as suas intuição e
habilidade.
”Não é preciso entender o que ela canta. Não é necessário saber português para entender o samba, cantado por ela com tanta expressão, tanto bulício, tanto encanto nas suas canções que não há quem não fique cativo”
- Tyrone Power sobre Carmen Miranda
O sucesso de Carmen em Nova York foi, de imediato,
retumbante. As manchetes dos jornais especializados na época diziam entre
outros desbravados elogios: “Conhece 20 palavras em inglês e conquista a
Broadway”, “com um encantador sotaque português, uma alegria sincera e dedos
adejantes de borboletas sedutoras, Carmen Miranda eletriza o público leve como
uma bolha de sabão”, “Carmen Miranda veio da América do Sul, canta umas coisas
que ninguém entende, mexe o corpo e os braços, revira os olhos e - zás - conquista
a Broadway". Em novembro de 1939 a revista Click sentenciava: “ela com
apresentação relâmpago, salvou a Broadway da Feira Mundial de Nova York”. Sim,
porque o ano de 1939 foi de grande decadência para a Broadway. Qualquer peça
que estreasse nessa época estava destinada ao fracasso. Quando chegou o verão,
as casas de espetáculos que ganharam algum dinheiro fecharam, e este clima
muito negativo antecedeu a, estréia de “Ruas de Paris”, uma seqüência de
quadros cômicos e musicais representantes de vários países. E neles um dos
números com seis minutos ao final, protagonizado por Carmen Miranda e seis
músicos instrumentistas, levantou a platéia com o maior entusiasmo.
Quem ler esse texto deve imaginar que estamos falando
de uma grande artista americana. Tremendo engano. Carmen Miranda na verdade
nasceu em Portugal e veio para o Brasil com 18 meses. Fez apenas o ginásio,
pois foi obrigada a deixar a escola para trabalhar e ajudar seu pai, barbeiro e
sua mãe dona de uma pensão, para vender gravatas, depois trabalhar como
balconista de chapéus, onde aprendeu a criar seus adornos. Carmen criou
figurinos e acessórios surpreendentes. Adotou o traje de baiana com seus
inúmeros balangandãs como a sua marca predileta. Mas foram seus tamancos e
turbantes exagerados e muito criativos que a fizeram reconhecida mundialmente.
Foi descoberta pelo compositor baiano, Josué de
Barros, num momento em que só cantava tangos. Gravou três discos sem muita
repercussão até atingir o sucesso total com a música "Pra você gostar de
mim", que passou a ser conhecida como "Taí", vendendo na época 35.000 cópias em um mês. Depois
disso nunca mais Carmen Miranda deixou de brilhar. Brilhou tanto que sobrou
brilho para muita gente que até hoje a tem como símbolo. Fez cinema, shows pelo
mundo, ganhou um Museu depois de sua morte e foi enredo de Escolas de Samba, no
Rio de Janeiro e outras cidades do Brasil. Teve em seus últimos anos uma vida
atribulada, onde mal dormia, com trabalho em excesso, que abalou sua saúde
passando por inúmeros momentos de depressão, aliviados sempre com muitos
remédios.
Carmen Miranda morreu em Nova York, no ano de 1955 e
teve seu corpo velado no Brasil, no Rio de Janeiro, sendo o seu enterro
acompanhado por mais de 500.000 pessoas.
07/08
20h30 – “Foi Carmen” (Grupo de Teatro Macunaíma & Centro de Pesquisa Teatral do SESC)
Teatro Marista
Recomendação: 14 anos
Duração: 50’
08/08
20h30 – “Foi Carmen” (Grupo de Teatro Macunaíma & Centro de Pesquisa Teatral do SESC)
Casa de Cultura Alcídio Regini (Jd. Alvorada)
Recomendação: 14 anos
Duração: 50’
"Foi Carmen" é o espetáculo de abertura da Mostra de Teatro Contemporâneo de 2012.
Os ingressos estão disponíveis na bilheteria que fica no piso térreo do Maringá Park Shopping Center.
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário