sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Ideias circulares

Paëtow em Peças / foto: Jorge Etecheber


Exercício crítico por Karla Morelli

O monólogo Peças, dirigido e interpretado por Luiz Päetow, tem seus atos na penumbra e somente por meio de um jato de luz, ora lanterna ora holofote, possibilita que o espectador visualize os acontecimentos em cena.

Peças narra as diferenças entre teatro palco e teatro plateia (espectador). Mostra um teatro de ideias que se é demonstrado através do desempenho do protagonista que aborda seus pensamentos e reflexões em relação ao que se é uma peça teatral.

O monólogo não tem cenário e é por meio das falas, dos gestos corporais e das luzes operados pelo protagonista que se dá toda a encenação.

Ao ler a sinopse, percebe-se que a peça é baseada na dramaturgia da norte-americana Gertrude Stein que abordava uma poética fora dos padrões, normas e formas estabelecidas como ideais pela sociedade. Desse modo, é através da desconstrução e sem marcas fixas que o monólogo faz com que o espectador se desloque de seu assento e siga o protagonista nas extensões do teatro.

O conteúdo exposto é mais acessível e há a compreensão de quem o assiste. Peças mostra a construção de uma identidade do protagonista, e faz com que a plateia reflita sobre quem é aquele, pensando: “Será que este é a protagonista ou será que apenas faz um discurso sobre o que pensa em relação ao teatro?”. Assim, há muitas indagações e ambiguidades quanto aos valores que Päetow quer atribuir por meio do que se é apresentado.

Como em Ocorrências e Abracadabra, ambas apresentadas na Mostra de Teatro Contemporâneo de Maringá, nota-se que a ideia central de Päetow é criar o desconforto e incomodar o espectador, pois há momentos do monólogo que o ator fica falando a mesma frase desconexa por diversas vezes, fazendo com que esta circule no pensamento de quem assiste.

Peças tem a duração de aproximadamente 90 minutos e possui final aberto para que o espectador crie suas próprias conclusões.

Karla Morelli é aluna não-regular de mestrado em letras na UEM e pós-graduanda em Arte e Educação pelo Instituto Paranaense de Ensino (IPE). Integrante e pesquisadora da Cia. Manipulando Teatro de Animações.

(Texto escrito como exercício da oficina Cultura da Crítica, no âmbito da Mostra de Teatro Contemporâneo. Não possui caráter valorativo).

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